sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Trabalho de Conclusão de Curso

Se você está na universidade - assim como eu- ou conhece alguém próximo que é ou já foi um universitário, compreende o valor da abominável sigla: TCC. TCC é o universo, é tudo. O resto é absolutamente nada. Estudante, você é um nada, uma ameba, um ninguém perto de um TCC. O Trabalho de Conclusão do Curso é a greve de existir ou de rebeldia do jovem universitário. Fazer um vestibular concorrido ou qualquer exame final parecer um feriado prolongado. O TCC é a TPM do Ensino Superior, a cadeira derretida do inferno, a desculpa e concretização para não se realizar mais nada. Não se vive com um TCC. A monografia final da graduação é a fita azul -ou verde- que enrola o canudo, é a provação constante para enaltecer o diploma, é o que separa nós, relis mortais, do céu. Na teoria, o TCC parece ser fácil. Escolher um tema, depois juntar o material de pesquisa, atender (e entender) os conselhos de um professor orientador e, então, escrever 80 páginas. O fim nunca chega. No momento de escrever as idéias no computador, o último semestre demora mais quatro e o pânico fode as letras do teclado como um vírus. O TCC é o Amargedon do universitário, o exílio solar, a solidão noturna. É o post-it de suicídio prolongado em livro. É o mesmo que receber ao mesmo tempo a notícia de gravidez e esterilidade. Não se é humano com o TCC. É um crime ter diversão, tomar um pouco de ar, esfriar a cabeça, brincar durante o momento da monografia. A expectativa de resolver um problema da vida profissional a partir de uma monografia acadêmica vira um problema. O futuro ganha o sinônimo de "TEMPO ACABADO". A esperança tem o subtítulo "ANOTA AÍ, ANOTA QUALQUER COISA, POR FAVOR, ME AJUDA". O sujeito não tem mais passado, mas se torna "REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA". Não existe mais uma misera lembrança, e sim "FONTE". Muito fácil reconhecer o fodido que tá pra se formar na universidade na rua. Anda devagar, não tira os olhos dos cadarços soltos do próprio tênis, rosto maltratado, remela nos olhos, roupas sobrepostas de quem se acordou agora e pegou as primeiras peças pela frente. Vai se irritar fácil e terá uma dificuldade de entender a lógica do idioma. É um poço de culpa, ou porque não dormiu para produzir, ou porque dormiu e não produziu. Algumas respostas básicas de um universitário produzindo o TCC: Tá namorando? – Não posso agora, tô preocupada com o TCC. Vamos tomar alguma coisa e pôr o papo em dia? – Não dá, tenho TCC pra fazer. Que tal Ibira no domingo? – Nem pensar, estou com o TCC parado há umas 10 horas. Churras de noite? – Nem fodendo, estagnei no TCC. Saiu um filmaço no cinema. Partiu descontrair um pouco? – Não vai rolar, tô atrasada pra caralho com o meu TCC. Onde você está? – Arrumando uma posição confortável pra escrever o TCC. Você leu o texto da Mariz sobre TCC? – Não, só leio o que é referente ao TCC.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Que haja amor

Desejo, do fundo do meu coração, que não lhe falte amor. Seja próprio ou de terceiros. Seja para enviar ou receber. Que haja amor, meu bem. Sempre. E tudo o mais será coadjuvante, inclusive os problemas insuportáveis. Que haja amor já no seu café da manhã. Que ela lhe prepare, com carinho, aquele suco de laranja batido com gelo que você tanto gosta. Que haja amor nos abraços de despedida, de arrependimento, de conforto e de afago. Que haja amor quando você pensar em desistir. Que ele lhe faça tentar um pouco mais e de novo. Que haja amor para que você aja mesmo cansada. Que ele seja o combustível para você seguir adiante. Que haja amor em todos os beijos, porque beijar virou normal entre as bocas. Mas com sentimento é diferente, capaz de tocar a alma e reviver um coração que já não queria mais pulsar desse jeito. Que haja amor para te fazer esquecer os machucados que amores passados causaram. Que o novo seja melhor e maior que o antigo. Que ele revigore cada célula do seu corpo e te encha de vida novamente. Que haja amor para te mostrar que corações são capazes de sarar. Que haja amor ao dormir. Que ele invada seus sonhos e te faça voar. Que haja amor ao despertar e ao sair da cama na manhã fria. Que haja amor em todas as ocasiões dos seus dias. E, principalmente, que haja amor forte o bastante para te fazer voltar.

Peixes

Nem perca seu tempo pedindo que ela não vá àquela festa. Ela vai independentemente de sua vontade. Ela é dona de si, das suas escolhas e vontades. A afronta não é por mal, meu bem… Mas receber ordens (ou algo que se assemelhe a elas) é inaceitável. Eu sei o que você sentiu quando a viu pela primeira vez. Também sei que isso só aumentou com a primeira conversa. Ela envolve, prende, domina e a gente nem percebe que está caindo nessa. Ou, se percebemos, nem ligamos, porque ela é tudo isso. Ela não é muito de amar. Nunca me contou as histórias por inteiras, só sei que resultou numa mulher linda com um medo enorme de se envolver. Aliás, de perder o controle. Ela precisa ter tudo sob seu comando e emoções estão em um campo que ela ainda não aprendeu a coordenar. Mas, quando ela ama… Se você conseguir chegar no ponto em que ela ama, cara, você é uma pessoa de sorte. Elogie-a sempre. Diga o quanto está bonita e cheirosa – ela sabe retribuir bem, seja com palavras ou ações. Será sua melhor companhia. E vai te proteger de tudo que puder, com garras e dentes. E prepare-se para o sexo, porque ela é daquelas que gosta mesmo e não tem nenhum tipo de vergonha em admitir. Não vê tabus, mas oportunidades. Entretanto, também preciso te avisar que, não importe o quanto ela a ame, ela sempre virá em primeiro lugar. Não que você seja “só mais uma”, mas acontece que ela é de Peixes. Ela é um tubarão. E com tubarão não se brinca.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O amor não se resume apenas em amar.

Amor de verdade muda a vida da gente. Reconstrói, incendeia, engrandece. Eu compro o maior clichê da humanidade e sou a primeira a bater no peito e dizer isso em alto e bom tom para quem quiser ouvir. Mas diferente de todos os outros textos que já escrevi, este especificamente, não é uma ode ao amor em si. É uma leitura direta e racional do que existe por trás do sentimento mais sublime que existe no mundo. O amor é absurdamente transformador, no entanto ele sozinho, infelizmente não consegue fazer milagre. Para qualquer relacionamento realmente dar certo, um monte de outros sentimentos sólidos precisam amparar a base desta parceria. A fundação da casa é muito mais importante do que o telhado colonial ou a maçaneta importada da porta. Porque quando o primeiro furacão balançar as estruturas deste abrigo, só permanecem de pé os abraços muito bem fundamentados. Colocando por terra a maior ilusão da vida da gente, o amor, só o amor, por maior e mais verdadeiro que ele seja, lamentavelmente não sustenta relacionamento de ninguém. O que eu conheço de casais que se apegam a esta fantasia definitivamente não está no roteiro. Eu mesma quando há tempos atrás adorava justificar a permanência em relacionamentos doentios com o bordão: “mas eu sou apaixonada por ela”. O amor era sempre o “mas” entre a vírgula e o ponto final. E esse “amor” me martirizava cada vez que eu tentava pular fora de uma parceria que simplesmente não cabia na minha vivência. Independente das incompatibilidades, do descaso, do desrespeito, da falta de companheirismo, enquanto houvesse amor, existiria uma solução (assim eu pensava). Acontece que, dia após dia, eu aprendi friamente com as mágoas, as dores, os retrocessos emocionais que amor não era isso. Que estar em um relacionamento era muito mais do que estar apaixonada pela pessoa do meu lado. Parceria saudável é igualzinho receita de bolo. O amor é o toque final que faz a massa transbordar doçura mesmo debaixo de um calor de 180ºC. O amor é a motivação. É o ímpeto que te faz ficar sem dormir e sair de casa de madrugada para pedir desculpas depois de uma briga, o motivo pelo qual você coloca a timidez de lado e chama a garota para sair, a razão pela qual você decide em primeira mão abrir a porta da sua vida para um relacionamento em si. É o início e o fim de tudo, mas só amor sozinho não suporta o durante. A paciência, a cumplicidade, o respeito, a compreensão, a confiança, o discernimento, o timing e um monte de sentimentos que na maioria das vezes são subjugados dentro de uma relação é que sustentam a travessia. Se qualquer um destes quesitos falha no seu propósito de construção de um alicerce sólido, o relacionamento acaba. Acaba porque você olha nos olhos do outro e não reconhece mais a essência daquela parceria. Acaba, porque o amor vira orquestra de um apego só, que nada mais faz do que ecoar um verbo solto no meio de um teatro vazio. A gente presta tanta atenção no grosso da palavra amor, que se esquece das mensagens subliminares escondidas nas entrelinhas daquele parágrafo. Não basta amar até o último fio de cabelo e não respeitar o momento do outro, alimentar ciúmes descontrolados, possessividade, intolerância e um bocado de pequenas feridas que acabam por matar o cerne da união. O amor é lindo, é mágico, é transformador e muda a vida da gente. Muda, nem que seja pra gente entender que ficar sozinho em determinada instância é melhor do que permanecer naquele enredo. Nem que seja pra olhar pra trás e assumir que amou sim, perdidamente, mas que foi necessário fechar aquela porta porque os caminhos infelizmente não conseguiram se encaixar no presente do outro. Não estou minimizando a força do sentimento mais potente e corajoso que existe no universo. Ele vai dar as caras quando você pensar em sair, ele vai frear a palavra no momento da fúria, ele vai te encher de coragem para reformular as versões de si que não se enquadram mais naquela travessia, para então tentar de novo. Contudo, mesmo o mais resistente dos amores precisa de uma boa retaguarda para enfrentar a batalha diária que é sustentar um relacionamento saudável. O amor quando pede licença em uma morada precisa de paz e aconchego para conseguir se instalar. Ele só é tudo em uma relação quando amparado por um berço de sentimentos cuidadosamente moldado. Fora isso ele deixa de ser motivação, para ser um mero ocupante dos espaços vazios dentro do coração da gente. Melhor dizer adeus com um olhar recheado do amor mais lindo do mundo, do que ficar e deixar esse olhar morrer de inércia. Amor sozinho não sustenta uma relação, mas bem abraçado, ele resplandece com a graça e a doçura de um pássaro em voo: aquele que fica por livre arbítrio e não porque se sente aprisionado.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Inveja

Aceite, é normal sentir inveja. Por mais que seja um sentimento triste e mesquinho, é normal querer algo que o outro conquistou ou querer conquistar algo que se viu por aí. A inveja pode ser para sempre inveja, ou pode se tornar um parâmetro para o sucesso. Como tudo tem dois lados, a inveja é, por sua natureza, negativa. Ela puxa do outro algo que você gostaria de ter, ainda que não queira de verdade. Ao se sentir menosprezado por algo que alguém conquistou, automaticamente você estará puxando a energia da conquista do ser invejado. Essa energia, além de contaminar o outro, toma conta de você. Ela te deixa cego por um objetivo que não é seu, mas que, devido ao sucesso do outro, você gostaria que fosse. O invejoso inveja por invejar, o ambicioso inveja para se motivar. Contudo, a inveja pode ser uma força transformadora, caso você consiga enxergar o bem. A inveja é o combustível para a motivação, para atingir um objetivo, para chegar a um ideal. É normal sentir inveja, desde que não se contamine por ela. Se você tem um sonho e o outro atingiu primeiro, isso não significa que não atingirá o seu, apenas que o caminho dele foi diferente do que você traçou. Ele não tem mais merecimento e você menos. Se você tem um objetivo claro e deseja com toda força, uma hora o que um dia foi inveja se tornará realização. Se for para sentir inveja de alguém, sinta de si próprio.

domingo, 3 de agosto de 2014

Envelheci com as marcas do amor

O reflexo no espelho do banheiro, invariavelmente, não é mais o mesmo. Vejo olheiras embaixo dos olhos fruto das inúmeras noites mal dormidas, pés de galinha que contam mais histórias do que os sertões de Guimarães e rugas escondidas aqui, ali, acolá, das vezes que as frustrações me pegaram desprevenida esboçando um sorriso que terminou flácido num vinco de adeus. Os cabelos antes volumosos e sedosos caíram-se aos montes, como restos de cerejeiras entristecidas com a chegada repentina do veraneio. Até o brilho no olhar é diferente, parece um destes vagalumes travessos que teve sua luz roubada em uma (ou várias) destas travessias sombrias que o coração da gente parece querer peregrinar. O fato é que hoje vejo muito pouco, daquele tanto que já existiu um dia. O amor que tanto me engrandece, me envelheceu. De repente, a bagagem carregada com tamanho cuidado e esforço do lado de dentro ficou evidente do lado de fora também. As pessoas agora conseguem notar a imensidão do caminho que foi percorrido e a profundidade das cicatrizes que fizeram morada nesta essência ao longo dos anos. O corpo que atualmente desperta a retina do outro, conta uma história diferente daquele de outra quando o amor era inocentemente tão somente amor, sem “mas”, “poréns”, “todavias” e “entretantos”. A reciprocidade se tornou levemente arredia diante as inúmeras possibilidades de amor e a expressão antes florida como um jardim de primavera estampa uma desconfiança singela, típica das crianças quando se arriscam a descobrir o primeiro passo. A experiência ou maturidade trouxe consigo o preço minimalista do desapego. Não mais é preciso buscar esconderijo atrás de uma máscara de falso contentamento e permissividade uma vez que, o coração já castigado com doses nada homeopáticas de descaso entende que está tudo bem em mostrar quem se é de verdade. Aliás, aquela cicatriz nada atraente que muitas vezes é encoberta com camadas extras blusas ou tatuagens e sorrisos automáticos, pode ser uma dessas singelas delicadezas da alma da gente que engrandecem nossa vivência sob o olhar amoroso do outro. Quem tem alguém ferido dentro de casa ou próximo de nós, sabe que a melhor forma de destituir um sofrimento é abraçar aquela dor e deixar que o tempo faça a sua mágica, até que o momento se esgote definitivamente. Passar por um turbilhão de relacionamentos, pessoas, sentimentos e ainda assim chegar emocionalmente inteira no próximo instante é mais do que sinônimo de coragem, é aquela cerejinha do bolo que te faz ser diferente de todo mundo que desistiu do amor no meio da travessia. O amor que tanto me engrandece, me envelheceu. Mas, inacreditavelmente, me sinto mais plena do que nunca. O amor acumulou seus percalços em cada pequena fresta que o sentimento deixou aberta ao pedir passagem e o resultado deste preenchimento foi uma alma aprimorada e resistente, que encontrou nos destroços, os pedaços de si que faltavam para completar o quebra-cabeça deste enigma chamado amadurecer. Porque o que nos torna bonitos, elegantes e desejados é justamente aquela metade avariada que a gente tenta esconder. Eu, me sinto cada dia mais linda. Espero que vocês também. Aquela ruguinha boba no canto esquerdo da boca se apruma toda num sorriso cada vez que meu coração consegue abrir as portas para amar novamente. A idade tem dessas ternuras que talvez a gente só consiga sentir com total exatidão quando chega lá. E olha que acaso (ou sorte), a minha ruguinha combina perfeitamente com o sorriso frouxo que ela carrega mesmo quando está brava. Bagagem boa é aquela que a gente carrega de mãos dadas. Que a gente continue se encontrando nestas marcas que o amor vai deixando pelo caminho, porque se do lado de fora a gente transparece vivência, do lado de dentro fica cada dia mais próximo da eterna juventude.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Conto com você

Quero contar, com você. Quero contar que estou feliz por ter recebido um elogio de alguém que gosto muito, que almocei em quinze minutos e que não peguei trânsito para voltar. Quero contar que disse que ia dormir mais cedo quando na verdade fiquei enrolando por horas no Youtube, ainda que você se chateie por não ter dito “boa noite”. Quero contar que estou tentando emagrecer e ninguém pode saber, porque aí as minhas expectativas serão pressionada por todos e não preciso de mais pressão para começar a mudar. Quero contar que aprendi a cozinhar algo novo, ainda que seja algo que você não goste e jamais irá experimentar. Quero contar que fechei uma viagem sozinha, comigo, sem você, pois preciso de férias de mim e do mundo, sem que se incomode por não fazer parte desse momento. Quero contar que já tenho a ideia para um livro e que infelizmente só me falta tempo para escrevê-lo. Quero contar que estou triste porque desde que você voltou de viagem ainda não consegui te visitar, por mais que diga que está tudo bem, sei que você também está com saudade. Quero contar que metade de mim confia cegamente em você e a outra metade tenta diariamente confiar mais, ainda que você se sinta triste pela minha constante ausência. Quero contar com você nesse dia especial, como também são os outros em que você está perto de mim. Quero contar, com você me apoiando a subir no slackline, a encarar um desamor e a vida. Quero contar, com você dando risada, alegre, sendo amada e feliz. Quero contar com você no corredor do meu prédio esperando meu pai com os pacotes de figurinhas. Quero contar que também erro, que meus problemas são parecidos com os seus. Quero contar com você, para que a gente conte juntas cada dia até o fim da vida. Para: Barbara Oliveira. Vulgo: #ChupaBarbara