quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Por isso que eu gosto de você, menina.

Ei, menina! É que eu queria te dizer que gosto de você. Que gosto de sentir frio e saber que você é segunda, terceira e minhas outras tantas peles. Eu gosto de te ter por perto. Gosto de sentir teu cheiro quando sai do banho. Mesmo tendo aquela mistura toda de aromas, pra mim, é o teu cheiro que prevalece. E sentir aquela fragrância que é só tua me aquieta o coração e me traz um sossego que é de alma.

E eu gosto de te sentir nos poros todos, impregnado sob a minha pele.

Eu gosto do jeito que você tenta tirar a minha atenção quando paro tudo pra te olhar. Você precisa entender que te olho pra te decorar e te aprender, você precisa saber que te fotografo com meus olhos e isso não se nega a ninguém. Gosto do teu meio sorriso. Ele tem um ar de mistério, de algo que não estaria ao alcance do meu entendimento.

Apesar de você achar que não, eu consigo te ler.

Acho incrível tua habilidade de premeditar cada detalhe de um momento. Ainda não consigo entender a tua facilidade com os meus zíperes. Posso passar horas tentando fazer com que eles subam (ou desçam), mas eles parecem render-se ao teu toque, aos teus dedos e eu já fecho os olhos. Tenho que dizer como amo quando você me beija de surpresa. Me dá um frio gostoso na barriga que desacelera o mundo, aguça meus sentidos e desordena minhas pernas. Gosto de como você me faz perder o fôlego. Toca aqui e me sente ritmando contigo, sente? Sem perceber você faz com que meu fôlego fuja sem se preocupar com o caminho de volta. É assim que ele se perde de mim. Quando você me sorri eu já não tô nem aqui, mas me procura em Marte ou em você e me acha, acha e me traz pra mais perto.

Menina, você consegue perceber que eu me moldei a você? Eu me moldei aos teus gostos, aos teus beijos e carícias, mas principalmente ao teu tempo e ao teu espaço.  Essa inconstância que me corrói por dentro é a mesma que me desperta o anseio de ficar, me adaptar e te sentir em mim mais uma vez.

Ei, menina. Eu gosto de estar ai. De fechar os olhos, ouvir a música, sentir a luz que me acalma. E enquanto eu tô aí esperando a conclusão dos teus rituais, fecho os olhos e sinto que é teu cheiro se aproximando. Te farejo com os olhos. E eu vou cegando, todos os outros sentidos se aguçam e eu vou gostando ainda mais de estar e poder ficar ai.

Eu queria te dizer tudo isso, mas não consigo e nem mesmo sei explicar o motivo. Ao invés disso, te olho. Deixa eu continuar te olhando, te cheirando, te mordendo e admirando. É meu jeito de dizer que te gosto. Te leio e já me encaixo. Me moldo e me encaixo. Te leio e me adapto. Gosto desse suspense, da corrida e do alvo, que é você.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Desafios e amores de cinema

Uma coisa que eu detesto é ter que ler críticas de filme. São raras as vezes em que eu concordo com algum ponto de vista ou opinião emitida por críticos. Às vezes me parece que eles são os que menos entendem de cinema. Por isso sempre dou voz as pessoas que vão no cinema em geral para saber se vale a pena ver alguma coisa. E foi dessa maneira – ouvindo comentários e vendo o maravilhoso teaser – que fui levada ao sofá para assistir ao nacional ” O Homem do Futuro”. O necessário aqui é saber que o filme fala sobre a possibilidade de se recuperar o grande amor do personagem. Saí com um sentimento de reflexão que aproveito pra dar gancho a uma tese: não importa o quanto a gente queira alterar o passado, algumas coisas foram feitas pra dar errado e são necessárias para aprendermos a superar. Os relacionamentos são centrados em necessidades e desejos diferentes. Ao contrário do que todo mundo pensa, eu não acredito que todo relacionamento tenha que ser bom como um mar de rosas. Isso é o que queremos. Mas passei a entender que algumas situações são feitas pra que a gente sofra. Isso é uma necessidade. Mesmo que nos leve a rumos perturbadores ou que não convenham às nossas vontades. Alguns relacionamentos não foram feitos nem para serem superados. Foram feitos pra serem deixados de lado. Que atire a primeira pedra quem nunca teve de abrir mão de algum grande amor por causas e necessidades naturais? E quem nunca quis voltar no passado e mudar isso? Eu mesma teria mudado um sem número de ocasiões. Não queria cair naquele clichê de dizer que sofrer é necessário. Nem que sofrer é bom. Nem dizer que é preciso superar alguns amores perdidos. Não. Quero dizer que algumas coisas nunca vão ser superadas, que vamos sofrer muito e que talvez nunca seja possível esquecê-las. E não quero dizer que é melhor assim. Mas é um desafio. Um desafio que amores reais vivenciam. Aquele desafio real em que cada um tem que passar, sozinho, por relacionamentos bons e ruins que acabam ou são interrompidos, onde o sentimento não se acaba, mas se perde no tempo. Aquelas situações em que sofrer é evitável, mas que põe em jogo outras dezenas de situações que deixariam de acontecer caso nós optássemos por caminhos alternativos. O sofrimento é algo necessário. Mais cedo ou mais tarde, em qualquer vida que tenha se arriscado a participar desse paradoxo que se chama amor. Mas olhem pelo lado bom: só se morre de amor no cinema. Que me perdoem os românticos, os depressivos e os suicidas. Mas essa é a verdade. Ninguém morre de amor. A gente sofre, muito, mas aprende a conviver com ele nas suas infinitas formas. E acaba transformando uma delas na nossa, criando categorias complementares à nossa realidade, acreditando piamente que conseguimos vencer o tal desafio. Pois é. Escrevo um texto desconexo, sem sentido e cheio de clichês. Mas vai, admite. No fundo, no fundo, você sabe que o amor é assim também. Só não sei se você o mudaria se tivesse a oportunidade.