quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Ela pensa, e necessariamente não é em você.

Era pra ser tudo lindo, como se fosse uma bolha rósea e lisinha, cheia de coraçõezinhos dentro alimentando o amor perfeito. Era pra se dar beijinho de esquimó, daqueles com o nariz, sabe? Era pra andar de mãos dadas no sol, tomando sorvete, dando risada de umas histórias bobas, rindo da vida, rindo só pra mostrar ao mundo o quanto nos amamos. Era, mas não foi assim, por que, né, não sou criança…

O problema é que nesse mundo de gente que não se basta, gente que não se completa, você escolheu uma mulher completa. Uma daquelas raras que não precisam de um pedaço, que não sentem vazio, que não estão procurando uma alma gêmea. Você escolheu uma mulher que queria um parceiro, não um remendo. E aí fodeu tudo.

Eu esperava hombridade, esperava atitude, esperava alguém comigo, no front de batalha, no vão da dúvida, se esgueirando no parapeito do cagaço e rindo de tudo no final. Não esperava alguém inseguro, alguém que não sabe o que quer de uma relação que tinha tudo para ser o filme do ano das nossas vidas. Será que eu me enganei na hora de juntar as nossas almas? Será que a gente não era tão parecido assim? Será que as nossas diferenças cresceram junto com o tempo que passou?

Se é pra trepar eu trepo com qualquer um. Hoje em dia tá difícil encontrar alguém, todo lugar tem um alguém. Se bobear, chamo umas amigas e elas quebram meu galho do mesmo jeito, caso eu esteja pouco atraente pro mundão lá fora. Não é só sexo. Eu gosto do sexo, mas queria gostar também dos seus planos, queria me apaixonar pela genialidade dos seus projetos, pelas suas ideias, queria achar que você me acrescenta alguma coisa, queria me sentir dividindo, não só somando.

O problema é que no turbilhão da rotina, a vida corrida, os compromissos iguais, os mesmos encontros, os mesmos horários, não deu pra perceber a merda em que a gente se meteu. Enquanto eu estou vivendo a vida eu não percebo o quanto somos repetitivos, o quanto somos os mesmos de alguns anos atrás, o como não evoluímos em nada. A gente estagnou na mesma vidinha mamão com açúcar do começo.

Você sempre me dizia que as suas ex-namoradas/ficantes e afins ficaram arrasadas quando vocês terminaram. Que elas diziam que tinham um relacionamento perfeito, que não entendiam o motivo do fim e, no fundo, era só você que estava de saco cheio. Seu período invicto acabou. Parabéns, você está curtindo o primeiro término de relacionamento que você não desejou. O primeiro fim que você não esperava, a primeira vez que foi pego de surpresa.

Sabe qual é o problema? É que eu não sou burra. Não fui criada pra esperar príncipe encantado, dar beijo em sapo ou coisa que o valha. Nem fui tutelada pra ser submissa às vontades de ninguém. O problema de tudo isso é que, dessa vez, você escolheu uma mulher que pensa. E eu penso o tempo todo, pro seu azar. É isso.

Mentiras adiadas.

Triste quem vive se justificando e não assume o que aconteceu. Eu sou assim. Vivo justificando, me explicando, pra sempre provar que eu tenho certeza ou de me mostrar no topo, ao invés de baixar a guarda doa a mim, ou ao outro. "Não é que eu fui corneada, nossa relação era aberta. Não é que eu tropecei, estava dançando. Não é que eu broxei, quis dar mais tempo para o sexo. Não é que eu esqueci, preparava uma surpresa. Não é que eu menti, realmente não sabia a verdade. Não é que eu recebi um fora, forcei para que ela terminasse. Não é que fui grosseira, era brincadeira. Não é que fui orgulhosa, não posso ceder com facilidade." Sou a favor do otimismo, jamais do faz-de-conta. Desculpas furadas esvaziam amizades e amores. A culpa não é boa conselheira, sempre buscar fraudar o cotidiano, adulterar os fatos. Todos percebem quando exageramos, recusamos as evidências, fugimos da realidade, desprezamos os nossos erros, falhas e fatalidades. Ser responsável não é ser careta, é bancar o que somos para o bem e para o mal. Uma grande vida falsa nunca será maior do que uma pequena vida de verdade.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

S A U D A D E.

“…porque não quero passar minha vida achando que deveria ter tentado. Quero tentar! Quero me entregar, quebrar a cara se for preciso e tentar de novo e de novo. Quero chegar na velhice, sabendo que amei. Que amei muito e espero estar com a pessoa a quem dediquei todo esse amor, e que essa pessoa seja você. Que sejamos nós aquele casal de idade que anda na rua de mãos dadas, se preocupando se o par perderá o equilíbrio em uma dessas calçadas desniveladas da cidade. Que sejamos nós, aquele casal que chora de saudade quando não está junto, porque sabe que a saudade vale a pena. Eu te amo com toda a intensidade que tenho. Te amo por inteira e vou lutar muito pra conquistar esse ‘nós’ com você…”Fico espantada com a coragem dessa menina. O texto foi publicado em um blog chamado "Cartas da Mariz" (creio que esteja extinto) e traz a data de dezoito de fevereiro de 2005, exatamente oito anos atrás. Está dedicado a NsiahT, que comenta solitariamente abaixo com um “ti amu, Maah”. Retrato fiel de uma época em que era legal intercalar letras maiúsculas e minúsculas, fazer alusão a vampiros nos nicknames, escrever errado para parecer carinhoso e ser intensa para declarar amor. Ou paixão, já que nessa época, com quatorze anos, eu não fazia a menor ideia do que era o amor.Mesmo assim, fico espantada com a menina que eu fui. Encontrei esse “Drácula” no máximo três vezes antes de escrever essa declaração e já achava ter conhecido o ápice de amor da minha vida. Depois, vieram muitos outros, até que depois de outras declarações intensas como essa, percebi que não conseguiria tentar, cair e levantar sempre. Que dói demais.Sinto inveja da menina que escreveu esse texto.Sinto saudade da pessoa que eu fui.

Em quanto isso no século 21...

Sentei sozinha para tomar meu café expresso de cada dia e, entre um gole e outro dessa dádiva estimulante, parei para observar os mínimos detalhes do pedaço de mundo no qual estava inserido naquele instante. Ao meu redor, vi os passos apressados de muitos engravatados, que certamente nem sabiam o motivo real de tanta pressa. Avistei um cachorro de pêlo macio e, por alguns segundos, invejei a vida fácil daquele canídeo de focinho aparentemente saudável. Olhei para a mesa ao lado e lá fixei o olhar. Estava diante de uma cena comum e característica dos novos tempos: um casal convivendo estupidamente calado, cujos corpos estavam presentes e as mentes certamente mergulhadas no infinito universo dos smartphones que portavam. Não conseguia parar de olhar diretamente para aquele quadro urbano gelado. Pedi mais um café e, durante ininterruptos quinze minutos, não houve nenhum sinal de interação real entre aquelas duas mãos digitadoras, olhos vidrados e bocas lacradas. Permaneceram juntos, porém visivelmente distantes. Pediram a conta e seguiram em frente, cada qual para um lado. Ela colocou o iPhone 5 na bolsa, e ele, seu Galaxy S III no bolso. Certamente, dirão ao pessoal do trabalho que tiveram uma ótima manhã e que, naquele dia, tiveram o prazer de tomar café da manhã com seus respectivos amados. Mas eu estava lá, vi com meus próprios globos oculares e posso dizer sem medo de mentir: eles não estavam juntos! Ela comeu o pão na chapa na provável companhia do Mr. Facebook, e ele fotografou a xícara de café com leite para provavelmente informar ao Sr. Instagram. Zuckerberg, Steve Jobs e Bill Gates contribuíram muito para inserção de muitos pixels nas veias de muitos relacionamentos modernos, mas não podem levar toda a culpa pela aceitação generalizada da falsa sensação de proximidade promovida pelos atalhos digitais. Somos responsáveis, também, por acharmos que 140 caracteres são suficientes para acelerar o coração de alguém. Somos autores diários desses amores sem tato e sem gosto, que se alimentam do toque de teclas e não dos lábios. Não podemos jogar todos esses megabytes de culpa no colo daqueles que criaram esses inventos incríveis. Não acho que devemos deixar os benefícios da tecnologia de lado ou que precisamos abrir mão da modernidade e voltar às trevas das cavernas sem Wi-Fi. Nada disso. Só penso que nem o maior dos cientistas será capaz de inventar um atalho capaz de descartar a mistura de dois corpos em um quarto, quando o intuito é o contato real. Sei que o mundo ainda irá evoluir de forma surpreendente, mas sei também que um amor nunca poderá ser apagado com um simples “Ctrl + Alt + Del”. Até acho que conquistaremos outros planetas e que romperemos o limite de nossa galáxia, mas tenho certeza de que, mesmo a anos luz daqui, o tesão nunca poderá ser copiado e depois colado com a ajuda de um teclado. Preste bastante atenção nos seus atos. Talvez, você não esteja percebendo o quanto as plataformas tecnológicas feitas para aproximar estão distanciando a sua pele da dele, ou da dela. SMS, e-mails e redes sociais são meios eficientes para o contato entre dois corpos que no momento não podem estar juntos, mas nunca, de forma alguma, esse tipo de contato poderá substituir a língua falada pelo nó entre duas línguas. O que é real, de verdade, sobrevive à falta de luz, à falta de bateria, à falta de ambientes com W-Fi. O real só morre quando falta um coração.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Folia de ciúme

Não temo o barraco. A gritaria do ciúme. Desde que seja no instante em que ela viu e esbravejou. No momento certo da raiva.

Ciúme pontual é saúde. Ciúme atrasado é doença.

Ciúme bom é flagrante, é catarse. Sentiu, falou, acabou.

Ciúme ruim é dissimulado, reprimido, azedará em segredo.

Não me amedronto com o escândalo na frente dos amigos, não receio zombaria entre os colegas.

Que a mulher me xingue em público, jogue minhas roupas para fora do armário, arremesse pratos na parede, esculhambe meu expediente.

Ciúme é natural no amor, como cachaça em prateleira do boteco.

Apagar o ciúme é apagar, da convivência, a embriaguez da paixão, anular o sentimento de pertencimento, é retirar a insegurança que nos torna atentos.

Ciúme é curiosidade, é a vontade de saber, de descobrir, de atualizar a relação. Nada de errado.

O que morro de medo é do ciúme retardatário, o ciúme premeditado, o ciúme friamente planejado. Quando a pessoa silencia para cobrar no futuro.

Sempre sai mais caro, sempre tem juros.

Fiasco na rua não me assusta, discussão alta de madrugada não me envergonha.

O que me incomoda é quando a pessoa percebe algo de errado e não me diz e fica colhendo provas.

Aquele ciuminho que poderia ser resolvido rapidamente acaba se transformando em mágoa e a mágoa crescendo em desconfiança permanente.

Coitados dos casais educados que não resolvem pequenos desentendimentos no ato. Levar problemas para casa significa valorizá-los.

Sorte dos barraqueiros: eles dificilmente se separam, não cultivam ressentimentos, explodem na hora e não tocam mais no assunto.

O que morro de terror é do ciúme calculado, o ciúme abafado, o ciúme que será rancor e despejo.

Tremo com o ciúme que é relatório do Tribunal de Contas, feito para separar e jamais esclarecer. O ciúme que demora a ser formalizado, longe de sua origem e eclosão.

O ciúme que o homem já esqueceu, de tempo atrás, mas que ela conservou na adega do inconsciente e um dia vai abrir. O ciúme que é vingança, revanchismo, vontade de terminar.

Não me indisponho com o ciúme passional, com a censura instantânea, com as perguntas à queima-roupa (Quem é ela? Pego? Tá dividindo seu tempo em dois?).

O que me causa dissabor é a maldita frase “Vamos conversar depois”.

E você não tem nem ideia do que ocorreu, não tem noção do que ela localizou e compreendeu errado.

"Vamos conversar depois" é uma sentença terrível. Ela não revela o que incomodou, deve ser coisa antiquíssima, e mantém um suspense sádico para atrapalhar a tranquilidade.

Ela anseia seu sangue, seus nervos, seus ossos – o desespero humano no estado bruto. Cobiça que realize a revisão de seus atos, que interrompa tudo para adivinhar o motivo.

Você vai procurar alguma mensagem ambígua, algum comentário esquisito no Facebook, alguma pedra de amolação na intimidade.

“Vamos conversar depois” é terrorismo, é avisar de um castigo escondendo o desaforo, é antecipar a quarentena ocultando a doença.

É reprimenda de mãe. E já tenho uma mãe, não quero outra.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Não dá pra resistir.

De longe eu a vejo descendo a Rua Augusta, ou melhor, beirando a flutuação como quem pisa suave, quase sem tocar o solo. Imediatamente turvo tudo o que não é extensão daquela fêmea magnética. Não ouço mais o berro estridente do tumulto urbano. Não distingo mais o tom dos tantos carros que por ali passam. Os gritantes grafites que eu muito amo, perto dela, agora beiram a total transparência. Ela veste uma jeans que me diz: “entre”. Pergunto-me: Quem é ela que nesse instante veste uma linda camiseta branca com botões? Quem é a magrela que desfila usando óculos de gatinha com design retrô usado também pela Brigitte Bardot? Quem é ela que mesmo calada merece um sonoro brinde do melhor vinho feito com uva Merlot? Eu não acredito em destino, em carta marcada e muito menos no tal Tarô. Minha religião é a poesia e agora, de cara, uso meu faro para lhe dizer, meu caro leitor: além das palavras, algumas pessoas nasceram para rimar. Apesar do imenso potencial adaptável que o ser humano possui, afirmo que existem peitos inexplicavelmente com melhor encaixe para certas cabeças. Enfatizo que existem colos indubitavelmente com mais cola, abraços com muito mais pinta de laço e toques que parecem já conhecer muito bem o melhor caminho para o perfeito acesso. Estou mentindo? Poderia, nesse momento, iniciar uma tese absolutamente racional sobre a atração. Provavelmente começaria falando do poder indiscutível dos feromônios e da provável relação dessa substância olfativa com o magnetismo presente entre certos seres. Apoiaria minha explicação também na psicologia, falaria de Freud e da eterna busca por parceiros com características semelhantes àquelas apresentadas por nossos pais, durante o período da nossa infância. Não pararia por aí e, quem sabe, arriscaria até um pouco de metafísica para explicar a tendência, muitas vezes inevitável, de soma entre dois corpos: diria que essa necessidade incontrolável de aproximação física é, na verdade, uma manifestação carnal de uma atração espiritual bastante profunda. Poderia prosseguir e inundar esse texto com inúmeras teorias verdadeiras, ou não, numa tentativa de metrificar algo que, ao meu humilde ver, já nasceu ilimitado. Lógico que existem inúmeros aspectos lógicos nessa gana que sentimos por certas bochechas e possíveis explicações para ânsia que temos por alguns abraços. É claro que grande parte dessa nossa vontade de grudar em alguém, possui um aspecto racional, muitas vezes escondido em nosso subconsciente ou mesmo em nosso anseios mais profundos. Mas, eu prefiro acreditar na beleza da rima entre os seres. Contento-me apenas sorrindo feito bobo, quando me deparo com um sentido incontrolável, que vai muito além do sexto. Eu, Mayara Mariz, vesti as lentes enriquecedoras da poesia e sugiro que façam exatamente o mesmo para que possam iniciar uma vida um pouco menos racional e mil vezes mais sensorial. Coloquem agora esses óculos gratuitos e só assim enxergarão a sutileza tocante do mundo. Só com esse acessório feito para despir, serão capazes de ver os detalhes como eles realmente merecem ser vistos. Tenho certeza que perderão menos tempo formulando perguntas complexas, para tentar explicar esse encantamento que beira a magia e que só assim passarão mais minutos usufruindo do imenso prazer que é simplesmente entregar-se à rima entre coxas de inegável encaixe.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Espelho.

Todas as cartas que eu te entreguei até hoje são cartas que surgem devido a grandes momentos, pensamentos, idéias e principalmente dos atos mais singelos. Mas diferentemente das outras cartas, essas carta é uma carta de amor. Eu sempre tive muito medo, e evite muito usar a palavra "AMOR" nos textos que eu te escrevia, inclusive neste também. Sempre me deu a impressão que está palavra te assusta, e acredite ela também vem me assustando. Mas também, diferentemente das outras cartas, nessa carta falo mais de mim do que de você. Porque estar com você é estar comigo. Explico já. Estar com você, no final das contas, é estar diante do grande espelho da minha vida. É quando tenho a chance de conhecer meu jeito de amar, as minhas necessidades, expectativas e escolhas que faço para nossa história, pra minha história. Quando me enxerguei no espelho do amor, deixando aquela ideia fracassada de tentar mudar tudo, me libertei. Me libertei da busca pela pessoa certa, de pintar você como a pessoa certa e passei a querer deixar o barco rolar (mesmo você achando que a minha mente calculista planeje tudo). Fiquei humilde diante do meu desejo e de ser desejada. Quis ser merecedora disso. O espelho do amor não está apenas nas conversas francas e profundas, quando falamos tudo às claras. Está, sobretudo, no seu maior defeito, na sua pior mania, na coisa mais irritante que você faz. Coisa que, ironicamente, passa a ser matéria prima de felicidade. Por que essas coisas me irritam? Por que elas chamam minha atenção? Por que ponho tanta energia nelas? Pra chegar em respostas, fiz uma lista das coisas que me irritam em você. E tive uma grande surpresa - sabe quem eu encontrei nelas? Eu! Eu irritada com tudo o que não quero para minha vida. Mas lá estou, em muitos momentos sendo exatamente aquilo que detesto em você. É o macaco que olha pro próprio rabo. E aí penso: até que ponto essas coisas irritantes são suas e o que elas falam de mim? Então, te conto o que aprendi ao olhar para o espelho: 1. Que preciso aprender a pedir desculpa, a parar de inventar desculpas,a assumir estar errada e pronto. Que prazer, que liberdade de ser imperfeita. Só quero de você que esteja lá, comigo, me mostrando aquilo que quero melhorar. Por mim e, depois, por nós. 2. Parei de me desgastar cobrando de você atitudes e comportamentos que refletem necessidades minhas que não lhe cabem. Perceber e aceitar isso são jeitos de estar menos egoísta, idealizando que você seria a fonte para atender 100% das minhas necessidades. Imagina. Tirei de você a responsabilidade de me fazer feliz. Eu me faço feliz. Só que escolhi fazer isso também do seu lado porque você tem muito pra me oferecer. 3. Você é pra mim fonte de ternura, carinho, afeto, diversão, prazer. Mas estou aprendendo a ter isso em outros lugares. Porque eu quero tantas formas de ternura, carinho, afeto, diversão e prazer. E tantas outras coisas que nem passam pela nossa relação. Quero coisas demais pra deixar isso tudo na sua mão, sabe? 4. Você é leve. Seria uma agressão e uma burrice tirar isso de você deixando a minha felicidade por sua conta. Eu te quero leve. Trazendo leveza pra minha vida. Então, certos assuntos que são só meus, eu já não quero que se resolvam na nossa "amizade colorida". Desses assuntos, eu cuido, enquanto reservo a nós as delícias da vida que me fazem rir dos dramas que agora já se tornam até um pouco ridículos quando reconheço as coisas boas que temos juntos. Este texto é pro mundo e é de presente pra você. É porque com você eu conheci o espelho do amor. Eu resolvi olhar pra ele, mas se você não bancasse com tranquilidade ser o meu espelho e persistisse entregando pro tempo e pra minha escolha a responsa de eu aprender com o que você me mostra, eu hoje não teria a clareza que tenho sobre isso que me faz sentir tão viva. E a gente nem estaria juntos. Pois seria tão simples pra qualquer uma de nós pular fora do barco na hora da crise. Eu já pulei fora de barcos em outros amores. Valeu a pena. Vivi tudo o que tinha que viver. Aprendi com isso, coloquei coisas novas na mala e cheguei até você. Hoje me parece bom persistir. Também é mérito seu eu ter motivos pra isso. Você merece que eu espelhe de volta toda a sua generosidade de refletir para mim o que é preciso fazer pra fazer crescer em contentamento e transparência a minha história, que inclui a nossa. Falando em generosidade, quero frisar que o amor é generoso e que amar alguém é encarar o espelho do nosso ser. Ele está lá, escancarando coisas da nossa vida. A escolha é olhar com os olhos de quem quer ver.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

PARA: EU!

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os piercings e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escrava minha, nem filha minha, nem minha mãe. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes. Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua família... isso a gente vê depois ... se calhar. Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervosa, inquieta, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!