terça-feira, 29 de maio de 2012

I don't CARE!

Desisti! E isso é a coisa mais triste que tenho a dizer. A coisa mais triste que já me aconteceu. Eu simplesmente desisti. Não brigo mais com a vida, não quero entender nada. Vou nos lugares, vejo a opinião de todo mundo, coisas que acho deprê, outras que quero somar, mas as deixo lá. Deixo tudo lá. Não mexo em nada. Não quero. Odeio as frases clichês em inglês, mas o tempo todo penso “I don’t care”. Tô pouco me lixando. Foda-se! Me nego a brigar. Pra quê? Passei uma vida sendo a irritadinha, a que queria tudo do seu jeito. Amor só é amor se for assim. Sotaque tem que ser assim. Comer tem que ser assim. Dirigir, trabalhar, dormir, respirar. E eu seguia brigando. Querendo o mundo do meu jeito. Na minha hora. Querendo consertar a fome do mundo e o restaurante brega. Algo entre uma santa e uma pilantra, desde que no controle e irritada. Agora, não quero mais nada. De verdade. Não quero arrumar, tentar, me vingar, não quero segunda chance, não quero ganhar, não quero vencer, não quero a última palavra, a explicação, a mudança, a luta, o jeito. Quero ver a vida em volta, sem sentir nada. Quero ter uma emoção paralítica. Só rir de leve e superficialmente. Do que tiver muita graça. E talvez escorrer uma lágrima para o que for insuportável. Mas tudo meio que por osmose. Nada pessoal. Algo tipo fantoche, alguém que enfie a mão por dentro de mim, vez ou outra, e me cause um movimento qualquer. Quero não sentir mais porra nenhuma. Só não sou uma suicida em potencial porque ser fria me causa alguma curiosidade. O mundo me viu descabelar, agora vai me ver dormir e ligar o foda-se pra ele. Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. O trator da felicidade. Atropelei o mundo e eu mesma. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e… quer saber? Nem eu. Chega. Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo. Ser invisível, meu grande pavor, ganhou finalmente uma grande desimportância. Quase um alivio. I don’t care.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Carta a Princesa (Des)Encantada

Querida Encantada,Esta noite sonhei novamente com você. Seus brilhantes olhos me pediam caridosamente para não colocar meus pés gelados de frio na batata da sua perna, enquanto virava para o outro lado da cama embolada nas cobertas. Era engraçado ver sua carinha de resmungona enquanto me puxava com sua delicadeza peculiar para perto de você.A cada novo sonho você parece diferente e cada vez sinto você mais perto de mim. Como se você tivesse adquirido um GPS de última geração e agora ao invés de placas você se guiasse por um satélite que por vezes fora desprezado. É como naquela série de TV em que o príncipe não se lembra da sua identidade, mas de alguma forma sabe onde está a pessoa que virou seu mundo pra baixo. Você sabe onde me encontrar, mas se perde demais pelo caminho.Sinto sua falta encantada. Cada dia mais. E fico me perguntando se a gente precisa mesmo perder alguma coisa pra ganhar algo melhor em troca. Cinderela perdeu um sapatinho, eu já perdi vários pedaços meus pelo caminho, mas tenho certeza que você vai encontrar todos eles e montar peça por peça como se fosse um quebra cabeça desordenado que precisa apenas de um bom jogador para encarar o desafio.A noite é curta para um querer tão intenso e no sonho você me desperta com um desses sorrisos lindos e cativantes que a gente só vê em propaganda de pasta de dentes. Você me convenceu: eu compro o produto. Eu levo as coisas boas e as ruins também, porque de uma forma ou de outra eu sinto que esse foi o pacote que eu esperei por muito tempo. Um sorriso, esse era o sinal. Eu podia me aproximar, me enroscar, me aninhar até que o dia se fizesse presente e nos obrigasse a levantar. Porque tempo hoje é algo quase tão precioso quanto comer, quando não se tem parece que o vazio dentro da gente fica cada vez maior. Consigo ouvir minha respiração e o ruído da saudade.Estou pensativa, analisando se em algum lugar do planeta você também fecha os olhos quando escuta alguma palavra que você se lembre de mim. É quase dia dos namorados e todo ano espero ansiosamente pela sua chegada, arrumo a casa e a bagunça dos sentimentos, coloco os pratos sujos, os copos lascados e as mágoas numa gaveta bem escondida que é pra não estragar o jantar, e junto com as taças novinhas de vinho coloco um frasco vazio que é pra encher de coisas boas quando você se sentar ao meu lado.A essa altura já tenho dúvidas do que é realidade e o que é fantasia. Me aproximo de você, ali, deitada do outro lado da cama, e no momento do tão esperado beijo, aquele que diz se o sapatinho de cristal serve ou não nesse pé cansado, eu acordo. Eu simplesmente acordo. Antes que pudesse abrir os olhos um par de abraços se encarrega de me acalmar da minha euforia, me envolve numa redoma de carinho e antes que eu pudesse raciocinar coloca nos devidos lugares, todas as peças do quebra cabeça.- Calma, foi só um sonho.Querida encantada, não foi só um sonho…Respiro suspirando. Acima da realeza te agradeço por ser real. Afinal, pessoas de verdade são infinitamente melhores que os amores dos sonhos. Sejam eles encantados ou não. Meu melhor beijo, Mayara Mariz

Procura-se um Par de Pés, mesmo que gelados, para dividir um edredon.

Mal o inverno chegou e já foi decretada a temporada oficial de casais fazerem fonde, para o desespero dos solteiros aflitos. É que no frio não há nada mais agradável que um cobertor no aconchego do sofá com um filminho no DVD, uma taça de vinho pra te esquentar e um par de pés, mesmo que gelados, pra encontra com os seus embaixo do edredom. Aliás, não existe melhor cobertor que aquele acompanhado por uma conchinha acolhedora. E é exatamente por esse clima de romance que o inverno traz que, nessas últimas semanas, parece que multiplicaram as reclamações de amigas que sonham em encontrar seu par, ou pelo menos um namorado de inverno. É claro que não há coisa mais natural que querer achar um parceiro, mas às vezes essa busca perde o foco: precisa-se mais deixar de ser solteira que encontrar um amor. Precisa-se de um namorado (e ponto). Vivemos uma época em que tememos a solidão. A condição de estar só virou o “mal” do século XXI, o bicho papão do nosso tempo. Numa era em que a cada segundo uma nova tecnologia é inventada para encurtar distâncias e – teoricamente – aproximar as pessoas, o que não vale é se sentir esquecido. E então, quando bate a solidão, ela vem acompanhada do desespero. Desespero de se sentir só num mundo sem ninguém que se importe com você. Isso explica, em alguns casos, porque surge a necessidade urgente de namorar, casar, ter filhos. Não sabemos como lidar e não suportamos esse estado que, na verdade, é inerente à nossa natureza. Esse temor de ficar sozinho desenvolveu até aquele tipo de pessoa que sempre está namorando. Não consegue ficar sozinha, talvez por medo ou insegurança, confunda sentimentos em troca de ter alguém ao seu lado. Termina um relacionamento e já engata em outro, não dá nem tempo de curar as cicatrizes do último amor, de se preparar pra respirar fundo outra vez, e ela já muda o status de relacionamento do facebook num piscar de olhos. Quem age assim, diante dos olhos alheios, é visto apenas como namoradeiro, alguém que gosta de estar numa relação amorosa. Mas não é bem isso o que acontece com quem opta por estar solteiro. Sempre tem alguém pra perguntar quando você vai desencalhar, as reuniões de família são uma desculpa para saber se houve algum update no seu campo afetivo e nas festas de casamento seu lugar é ao lado das mesas das crianças. Sem contar que com o passar do tempo a pressão só aumenta. É impossível não olhar ao redor e não sentir os comentários do tipo: “Ela nunca fica com ninguém, nunca namora ninguém, será que há algum problema com ela?”. Parece que é impossível ser feliz sem uma metade pra te completar. Mas o que os outros esquecem é que antes de tudo vem o amor próprio, e é por isso que temos que amar também a nossa solidão. Podemos sim ter namorados, maridos e filhos, mas é bom nos lembrarmos de que sempre estamos sozinhas. É preciso muito discernimento para não confundir amor com carência, é preciso muita coragem para não se afundar num poço de dependência emocional. É preciso estar atento para encontrar pessoas que combinem conosco, nos compreendam e, acima de tudo, acolham a nossa solidão, para aí partilhar a solidão um com o outro. Caso contrário, se eu fosse você, ouviria a minha avó que sempre me dizia o ditado batido mas sincero de que: “antes só do que mal acompanhado”.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Quem tem medo de TPM?

Abriu a porta de casa como se quisesse estuprar a inocente fechadura e logo percebi que mamãe estava possuída pelos efeitos do furação “El Chico”, ou seja, com o humor amigável de um serial killer e o sorriso contagiante de um diabo-da-tasmânia em dia de engarrafamento. Senti uma vontade súbita de colocar meu tênis, um colete à prova de TPM, abrigar meu irmão em um lugar seguro e me esconder debaixo da cama, com medo dela chegar de repente e cravar um salto agulha de quinze centímetros direto no meu pâncreas, incomodada com as minhas roupas penduradas no quarto ou apenas emputecida com a toalha ainda úmida que deixei sobre a cama. Pensei também em fazer uns nós no lençol e descer utilizando técnicas de rapel do sétimo andar do meu apartamento, de verdade, naquele momento essa modalidade de fuga parecia a atitude mais segura a ser tomada. Eu ficaria uns dias longe da minha mãe, iria para casa da minha avó ou pediria asilo na toca de algum amigo com barriga de chope, que certamente me acolheria com a geladeira cheia de cervejas, vodca e a televisão sempre sintonizada no futebol. Qualquer portador do cromossomo Y entenderia minha fobia por mulheres prestes a sangrar, rolar de cólica e ficar com os seios mais sensíveis do que o testículo de um filhote prematuro de chiuaua. E isso por que eu também sou uma mulher. Eu assumo, já tive pavor de tudo que me lembrava sangramento todo mês, pois eu sempre soube que antes de liberaremos esses glóbulos vermelhos no mundo, nos tornamos as mais sensíveis assassinas e devoradoras de chocolate que habitam o planeta Terra. Eu evitava a gôndola de absorvente dos supermercados da mesma forma que deixo de passar debaixo de escadas. Pura superstição. Quando estava na mesma cama que a minha mãe na tal da tensão pré-menstrual, eu dormia com o olho esquerdo aberto com medo de ter uma faca no meu pescoço, desencadeado por um pesadelo qualquer. Nesse dia, fui diferente: resolvi deixar essa mulher covarde de lado e enfrentar a leoa de frente, de peito aberto, sem medo dos possíveis arranhões e daqueles olhos que há qualquer momento, sem motivo aparente, poderiam hidratar o mundo com um enorme vazamento de lágrimas. Os passos dela estavam cada vez mais audíveis, o salto batia forte no piso de madeira e eu precisava pensar rápido no que fazer… "Boa-noite", ela disse com um sorriso meigo além da conta e uma voz doce de criança abandonada. Não pensei duas vezes e corri para abraçá-la, com a gana de tornar meu ato o laço mais acolhedor e apertado que dois corpos podem gerar sem que haja fusão de matéria. Tasquei-lhe um beijo demorado bem na bochecha esquerda e deitei suavemente a cabeça dela sobre meu ombro. Deixei-a respirar fundo por cinco segundos, não mais que isso, sabia que se prolongasse aquele colo vertical logo haveria lágrimas pousando sobre a lapela da minha camiseta. Dei-lhe a mão, ou melhor, entreguei-lhe minha segurança máxima. Conduzi-a como um guia experiente até o sofá da sala e lá dei play no rádio, tive que ser ninja, pois era Marisa Monte que ali cantava e tive que calá-la antes que ela percebesse a agonia extrema daquela voz. Tirei a televisão da tomada, não queria que ela desse de cara com o lado triste do mundo, não naquela noite. Ela me perguntou se eu a achava gorda e só com o olhar a fiz sentir-se anoréxica, me falou que estava ficando velha e eu disse que queria a por perto enquanto eu tivesse a chance, me questionou se eu a achava chata e a calei dizendo que a amava (mesmo não demostrando a todo momento isso). Antes mesmo dela me dizer que estava sedenta por glicose nas veias eu já estava na cozinha, transformando leite condensado em brigadeiro. Não tínhamos granulado, mas em nossa gaveta havia três colheres e em nossa casa existia um sofá, grande e só nosso, que naquela noite foi o palco perfeito para nossa lambança. Desviei dos possíveis tapas com maestria e elegância, sem covardia. Enxuguei as lágrimas dela antes mesmo das águas nascerem nos canais lacrimais. Mantive minha postura firme e acolhedora até o dia que ela começou a sangrar. Ela sangrou, nós duas sorrimos. Ninguém saiu ferido e nesse dia fui jogar futebol sem peso, deixando o resto da responsabilidade com o absorvente, sem precisar me preocupar se este terá abas ou não.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Essa coisa chamada saudade.

Nada nesse mundo tem mais toneladas do que a saudade, nada. Saudade é uma dor imensurável e sufocante presente em cada hiato. É sentimento abstrato que esmaga o peito como se fosse concreto. A saudade é a vírgula quilométrica enraizada entre dois pontos, dos muitos textos que a vida infelizmente pausa por falta de prosa e até pelo excesso de rosas. Saudade afia os ponteiros do relógio, transforma poucas horas em cortes profundos, dominados por flashbacks com ardor de álcool cuspido sobre ferida aberta, aparentemente incicatrizável. A saudade nos afoga com as águas calmas do passado, desfoca o presente e congela o futuro como faz o frio polar de uma nevasca. A saudade transforma qualquer música em motivo para pensar naquilo que partiu dentro de um avião, que nunca deveria decolar, nem por decreto do Papa. Saudade é emoção indivisível, razão incontestável para relembrar o gosto inesquecível daquela pessoa que mudou nossos passos, gestos e hoje, infelizmente nos considera gasto, empoeirado. A saudade é a sombra maldita que não precisa da luz solar para nos seguir por cada calçada da vida. Ela repousa num banco de passageiros vazio, dorme em nossa insônia, esconde-se nos presentes que prendemos em caixas lacradas, blindadas pelo medo de encarar as memórias boas. Ela transforma comercial de televisão em lágrimas reais, faz homem barbado virar menino ansioso em dia de natal, como um cachorro que espera o dono todo dia ao pé da porta, mesmo que esse nunca mais volte pra casa. A saudade enlouquece, embriaga, faz o mundo todo ter uma só cara e nenhuma cura. A saudade é um bar que já saiu rotina, um prato de risoto que foi comido antes do gozo, um beijo único no meio do olho. É o medo de perder uma peça em meio à multidão e nunca mais encontrar outro alguém que encaixe tão bem nesse quebra-cabeça. Saudade é temer a vinda do novo e teimar em achar que o velho sempre será a melhor parte dessa obra de arte, chamada vida. A verdade nua e crua é que ninguém nesse palco real está imune ao pesar da saudade, a dor latejante das inevitáveis partidas e aos planejamentos que talvez permaneçam inacabados até o fim da vida, esquecidos numa lista eternamente guardada no fundo da gaveta, mas nunca jogada fora. Desconheço alguém nesse universo grandioso que não tenha perdido o chão, a cabeça, a pose e até mesmo a sanidade quando deu de cara com esse tal sentimento com aparência de muralha intransponível e cheiro de fotos velhas. Não existe colete à prova de saudade, nem formas de blindar nossa vida dos estilhaços daquilo que vai e nem sempre volta. Sendo bem sincero, existem sim algumas dicas para quem não quer esbarrar com a saudade: recuse toda e qualquer alegria que te faça gargalhar até sentir dor nos músculos da barriga, nunca se envolva com pessoas capazes de colorir teus dias mais cinzas e chuvosos, coma tudo sem sal e sem tempero, não viaje, não saia de baixo do edredom por nada, não beije nem na bochecha, não faça sexo e em hipótese alguma conheça seus avós se a vida lhe der essa oportunidade imperdível. Não sei vocês ilustres leitores, mas eu prefiro carregar essas mil toneladas de saudade, ainda que em meio a lágrimas e memórias martelantes, pois só assim terei a certeza que estou vivo de verdade, sem talvez, nem porém. Afinal, saudade é corpo de delito das coisas boas da vida.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O poder atômico das sutilezas.

Dezenove de Maio. Gastei todo meu tempo tentando escolher o modo mais adequado de aparecer com essa surpresa, aquele milésimo de segundo e o momento mais sofisticado. Passei minutos pensando se aquele embrulho combinaria com o quarto dela e se um laçarote não faria de mim a pessoa mais brega do mundo. Já a caminho, lembrei que havia esquecido de comprar um cartão, então percebi que não havia de ter um cartão, pois haveria lembrança. A esperei na porta e rapidamente ela chegou, como se ela tivesse adivinhado que eu estava naquela porta. Além de linda ela estava visivelmente ansiosa. Sorri como aprendi nos filmes e em meio a tanto chichê das comédias românticas fiz a mágica de ficar meio quieta. Ela sorriu, pediu pra que eu ficasse perto dela. Sim, ela me deixou de lado e deu de cara com o atendente. Realizou o pedido e me aguardou. Pedi que ela fosse se sentar enquanto eu esperava o meu pedido, e pensava sobre aquele momento . Percebi algo imenso, que mudaria a minha vida dali em diante: Sutilezas têm um poder devastador. Finalmente enxerguei a linha tênue e quase invisível que separa os simples presentes das grandes surpresas. Vi nos olhos decepcionados dela o que todas as mulheres querem e, por incrível que pareça, não são apenas flores, chocolates, jantares e nem mesmo cartões. As mulheres esperam atitudes que demonstram que nós as entendemos melhor do que elas próprias são capazes. Isso pode parecer assustador, mas mesmo que não venham com manual de instruções, as mulheres querem ser inteiramente lidas, aprendidas e, então, percebidas como peças únicas em toda galáxia. Sim, pode parecer excesso de detalhismo, mas comecem a enxergar de verdade a mulher que está ao teu lado. Não abram apenas portas de carros, mas também os olhos e ouvidos para todos os detalhes e demonstrações feitas por elas. Liguem-se nos pequenos comentários, nas mínimas peculiaridades que as tornam única em meio a tantas outras e com isso, serão pessoas únicas também. As surpresas mais ricas não são feitas com anéis de brilhante tirados de cartolas mágicas, ou de caminhões lotados com rosas colombianas. Surpreender uma mulher é dar-lhe algo, seja uma palavra, experiência, carinho ou aé mesmo um presente, que demonstre o quanto você prestou atenção nela, o quanto você fez questão de entendê-la mesmo quando ela não soube como fazê-lo. Os presentes mais grandiosos cabem numa caixinha de fósforo, podem até ser feitos com tinta de caneta Bic, mas com certeza não servem tão bem para nenhuma outra mulher, pois precisam ser esculpidos e lapidados somente pra sua, ou pra aquela a quem quer encantar. Surpreender de verdade é: Entregar-lhe um bombom não apenas para matar-lhe o constante já redundante desejo chocólatra, mas para mostrar que, pelas pernas que não paravam de balançar, você percebeu que ela estava ansiosa por alguma coisa. Aprender a fazer brigadeiro para impressioná-la em plena terça-feira, mesmo que ela só tenha dito uma vez na vida o quanto ela ama comer esse quitute. Dar-lhe uma tênis novo, mas não apenas por saber que todas as mulheres atléticas do mundo amam tênis, mas por ter prestado atenção em cada reclamação dela, dizendo o quanto ela odeia a dor que sente nos pés toda vez que é obrigada a usar outro pisante que não seja tênis. Comprar um cartão inteirinho em branco somente para preenchê-lo com palavras que podem não significar nada para o resto da humanidade, mas que para ela e somente pra ela, resumem tudo. Ao fazer dela o material de estudo mais interessante que existe, você não tirará somente as melhores notas, mas conquistará também o poder estremecedor de transformar simples atitudes em memórias eternas. Obs: Se você é uma mulher interesseira, desconsidere o texto acima.

Cú Doce.

E assim, meio que despretensiosamente, Deus criou o cú. Aquele orificiozinho que, em seu sentido original, representa a saída do labirinto, o abraço de despedida, a porta de libertação de quase tudo o que nos entra pela boca. Aí veio o homem e, num dia de invencionices gastronômicas, resolveu comê-lo. Achou meio sem gosto aquele negocinho feio. Pôs sal para ver se tinha graça, mas ardeu… Aí, decidiu colocar açúcar. Como se não bastasse, caprichou na cobertura de mel. Pronto: fez-se o cu doce, desgraça que assola os corações apaixonados e os corpos excitados desde os tempos mais remotos. Não que o açúcar seja dispensável, muito pelo contrário. Vai bem no cafezinho, no suco de limão, no iogurte integral… Vai bem até no ser humano. Afinal, segundo o meu amigo, o que é o gozo senão papinha de espermatozóides adoçada com frutose? A doçura é uma das maiores e mais raras virtudes nos dias de hoje. Aposto a minha pureza que você, caro leitor, jamais imaginaria que eu sou uma das pessoas mais doces do meu círculo de convivência. Isso porque eu sou doce, mas não faço doce. E há uma diferença brutal entre esse dois termos. A tão popular e disseminada ideia de que ser difícil é sinônimo de se valorizar está dificultando cada vez mais os jogos amorosos. A conquista, que originalmente tinha a leveza de uma pelada de domingo, aquele ar divertido e especial, aquele friozinho na barriga para saber quando ela cederia e, enfim, a comemoração extasiada e compartilhada da vitória, virou espetáculo de gladiação para uma torcida que não quer gritar gol, mas, sim, ver corações partidos e tristes depois de esgotadas todas as tentativas. Cada vez mais, “love is a losing game”, como bem pontuou e eternizou Amy Winehouse. Negar quando não se quer é absolutamente normal, e é o que eu mais faço nessa vida. Em primeiro lugar, porque disponho de uma peneira que filtra pedregulhos e bagulhos. Em segundo, porque mamãe não me achou na lata do lixo. O que eu condeno mortalmente é a (falta de) atitude de negar por charme, enquanto o desejo pulsa lá dentro. Lutar contra o desejo dá câncer, e pagar de bonequinha de luxo não é garantia de nada, afinal, ela pode ser a porcelana mais linda do mundo, mas quem realmente satisfaz no universo dos brinquedos é a boneca inflável. Portanto, se você insiste em encarar o jogo da sedução como uma partida de damas, em que a dama, quando sobe no salto, sai massacrando e descartando as peças do tabuleiro como se fossem meros montes de merda, não se esqueça: ao final da partida, a dama está soberana, porém, merecidamente sozinha. E assim eu sigo pela estrada afora: metendo o pau no cú doce.

domingo, 20 de maio de 2012

A mulher dos meus sonhos não existe, ainda bem.

Não consigo lembrar-me de tudo com a riqueza de detalhes que gostaria, mas todas as sensações vividas parecem ter sido orgásmicas. O rosto dela era uma mistura dos meus anseios diários com o sorriso safado de minhas musas do cinema, sempre com certa imprecisão de traços e expressões metamórficas. Aquela mulher mudava de face a cada segundo e mesmo sem saber com quem estava naquela cama quilométrica, sentia algo real. Era como se estivesse esperando por tanta intensidade desde o dia que comecei a entender a função simbólica do meu coração. Ela tinha cabelos tão longos quanto a minha mente permitia e mexia-se como quem não conhece os limites físicos do próprio corpo, beijando-me enquanto eu tentava entendê-la, decifrá-la ou ao menos nomeá-la, mas infelizmente um rugir do cotidiano a tirou dos meus braços bruscamente, o barulho dos carros na avenida a desfigurou em mil partículas de nada, agora só presentes em minha memória e perpetuadas nesse texto sobre o risco de apaixonar-se desesperadamente por alguém que nunca existiu. Ou melhor, pela ilusória e contaminadora sensação de perfeição que só os sonhos carregam, gerando minutos de silêncio e desespero logo após abrirmos os olhos e ainda na cama percebermos que tudo não foi real e talvez nunca será. As horas que sucederam minha despedida daquele ser utópico foram regadas com silêncio total e cabeça nas nuvens, ou melhor, nas curvas daquela incógnita. Tomei o suco quieta, derrubei açúcar na toalha de mesa, viajei num banho mais demorado que o habitual e já no caminho do meu quarto quase bati de frente com o guarda-roupa. Não conseguia descobrir porque desejava tanto voltar ao mesmo sonho, na verdade até identifiquei algumas coisas familiares naquele corpo e com muito esforço lembrei que ela tinha o sorriso da menina que me prendeu a atenção, o tom suave de voz daquela ex-namorada pela qual fui embriagadamente apaixonada e os olhos claros da Megan Fox, mas quem era ela? Depois de muito pensar, sempre sozinha e com vergonha de contar a alguém essa sensação de amor platônico misturado à vontade adolescente, descobri que aquela mulher invisível era um sintoma claro e cruel das falsas expectativas que a sociedade me ensinou a ter. Um estilhaço doloroso dos meus 21 anos assistindo comédias românticas de final inevitavelmente feliz, comerciais de margarina de céu sempre azul e lendo artigos de revistas sobre a suposta existência de uma mulher ideal, aliás, ideal pra quem? Já que cada ser humano nesse imenso universo possui necessidades e desejos totalmente diferentes. A mulher dos meus sonhos era apenas uma expressão surrealista e exacerbada da minha busca diária e incansável pela Monalisa em meio à maravilhosa e imperfeita multidão da metrópole. Nesse dia percebi que aquilo não era apenas um sonho e que eu estava sofrendo os sintomas do meu excesso de perfeccionismo pós-traumático advindo dos tantos machucados naturais e feridas que a vida normal deixa. Descobri que estava com medo de enfrentar as imperfeições do mundo e que preferia correr atrás do inalcançável para evitar os riscos eminentes dos prazeres reais. Essa noite tarde irreal regada por uma relação supostamente perfeita com uma desconhecida, me fez chegar a uma conclusão: a perfeição é, felizmente, algo inatingível. A beleza se dá através de uma junção de qualidades com defeitos, aqueles mesmos que mais pra frente, podem se revelar como o berço das melhores qualidades do outro. Comecei então a reconhecer a beleza das falhas. Parei de procurar os pequenos defeitos nas mulheres que entravam na minha vida e, só assim, pude enxergar as tantas qualidades alheias para as quais estava cega. Estava realmente cansada de alimentar-me de utopias deliciosas e não sentir gosto de nada. Hoje aprecio o humano e até um lindo “foda-se” dito em voz alta pela mulher com raiva. Admiro as imperfeições corporais quando estas vem acompanhadas de ótimas conversas de bar. Aceito e entendo o tempo que perdi esperando elas arrumarem o cabelo e experimentarem os tantos vestidos parecidos jogados em cima da cama. Hoje não as comparo mais com capas de revistas e amo quando elas deixam a luz do quarto acesa, para que eu possa ver o quanto elas são humanas e reais. Aprendi que os defeitos são como beliscões, capazes de provar que estamos ao lado de mulheres verdadeiras e não dentro de sonhos que se autodestruirão em cinco segundos. Rasgue agora a folha na qual você colou recortes e montou aos poucos a imagem de um par ideal, esqueça o Fábio Jr. e as metades da laranja, jogue tudo isso no lixo mais próximo, corra para rua, e daí que está chovendo? Surpreenda-se e usufrua ao máximo do seu direito de viver, arriscar, errar e recomeçar tudo de novo. Deixe para sonhar com viagens no tempo e coisas ainda impossíveis de serem realizadas, quando estiver acordado aceite as regras e riscos do jogo, seja real você também. Eu felizmente acordei de um pesadelo comum a muitos sonhadores e graças a essa "rapidinha", dada com uma desconhecida, passei a dormir menos na minha própria cama e a sonhar com coisas realmente possíveis, e você? Continuará alimentando-se de idealizações inatingíveis? Ou vai acordar e enfim saborear o risco bom de ser feliz?

A Lua brilhou no escuro do Céu

Coisa linda da Lua é que ela brilha da mesma forma pra todo mundo. O Sol é dos excessos, dos extremos. Não sabe brilhar pouco. Brilha tanto que uma mera encarada de segundos pode cegar aquele que o observa. Sol é testosterona pura. A Lua, pelo contrário, é mais democrática, mais maleável. Ela filtra toda aquela luz cegante do Sol, e a traz em etapas, de um jeito que não machuca nossos pobres olhos de mortais. Talvez seja por isso que ela apaixona tanto. Você pode até ignorá-la no céu em meio aos afazeres da noite. Mas ela não desiste. Fica esperando, com a determinação de uma mulher que confia no seu taco. E então, quando você ergue a cabeça pra olhar qualquer coisa, ela te ganha. Mário Quintana sabia disso quando disse: “que haverá com a lua que sempre que a gente a olha é com o súbito espanto da primeira vez?”. E talvez você não perceba, mas a Lua te controla. Se ela rege as águas e as marés e se nosso corpo é composto por 70% de água, então ela nos rege. Dá próxima vez que se sentir introspectiva ou vibrante demais, dê uma espiada na janela e pode encontrar as respostas. Ela, quando nova, favorece os novos frutos. É a hora de começar um relacionamento novo, um projeto novo, de tirar da gaveta aquela ideia que estava esperando uma chance pra vir ao mundo. Bobinha, aquele filete de lua nada mais é do que o sorriso dela dizendo: vai garota, a hora é agora. E ela então cresce, e leva junto quem acredita nos seus poderes. Cresce tanto que se enche de si. Cuidado! Quando cheia, ela apaixona os mais desavisados. Ela também é mensageira. Dizem os rumores que ela conecta todo mundo que a observa no mesmo instante. Quilômetros de distância não significam nada. Ela é tão real pra você, quando pra quem está a horas de distância daí. Na dúvida, esqueça o computador e mande um torpedo por ela. Funciona. E como tudo tem seu começo e seu fim, ela mingua, sinalizando que é hora de olhar pra dentro. Ela se cansa de todo aquele brilho e, exausta de ser a mensageira de tantos seres apaixonados, se fecha, se encolhe, se ausenta. Jamais ouse começar algo novo se a Lua está minguante. Ao mesmo tempo que demonstra sua generosidade com o brilho da Lua cheia, ela é impetuosa quando sinaliza que é hora de olhar pra dentro e não pra fora. Sementes plantadas nessa época, não vingam. Ovos botados nessa época, resultam numa série de seres que poderiam ser, mas que não foram, porque contrariaram suas regras. Ela avisa: o caminho é in, não out. Todas as respostas que procura estão dentro de você. Aproveite o escuro pra recorrer à sua luz interior. Se respeitar o tempo e aguentar a espera, a Lua sempre ressurge. Depois de ser apenas um filete de luz no céu e de nos deixar com aquela dúvida se retornaria do seu retiro, ela sempre volta. Por razões cósmicas, a Lua sempre repete seu ciclo e renasce na escuridão, recomeçando todo o processo novamente. Somente os insensíveis ao extremo não se sensibilizam diante desse milagre que se repete em ciclos. Mas a Lua, mesmo com tanta luz, é humilde. Ela espera, até que um dia cativa até mesmo o mais ogro dos seres em uma das olhadas despretensiosas pro céu. E a partir desse dia, meu bem, você nunca mais se desapaixona por ela. Deixe todos os problemas de lado, coloque-os na fila de espera e agradeça: mais um dia, a Lua brilhou no escuro do céu. Sorte nossa!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Que me perdoem as burras, mas inteligência é fundamental

Ela é capaz de levantar uma Kombi com as coxas bombásticas e possui seios tão melônicos que parecem estar sempre na iminência de esguichar silicone pelos mamilos. Ela passa rímel nos olhos antes mesmo de passar manteiga no pão, ou melhor, antes de pincelar cottage light no pãozinho integral. Ela faz biquinho de pato e passa horas tirando fotos em frente ao espelho, espelho dela, pra depois compartilhá-las no Facebook pra pessoas avaliarem. Ela nunca leu nada além de dietas, dicas para conquistar uma barriga sequinha em uma semana e tabelas nutricionais de alimentos funcionais. Na verdade ela só conhece o nome de um livro, O Pequeno Príncipe, memorizado com muito custo para evitar silêncio total nas perguntas dificílimas do concurso Miss Umbiguinho Brasil. Ela provavelmente sofreu uma inundação de botox no cérebro e hoje, burramente acha que todos os homens do mundo só precisam de um corpo perfeito pra alcançar a felicidade suprema, mas se esquece que bunda não conversa, que peitos não fazem companhia, que as coxas não têm ouvidos e que a estética sozinha, não sustenta a vontade de estar ao lado de alguém apenas esperando o sol nascer mesmo quando ele insiste em demorar. É lógico que eu amo e constantemente vejo-me hipnotizado por essa dádiva nacional chamada bunda. Arrisco até dizer que sou faixa preta na arte de apreciá-las com discrição e sem óculos escuros, mas essas obras de arte rebolantes precisam de muito mais do que duas bandas e um orifício proibido para construir e perpetuar algo chamado relacionamento – pelo menos para os homens que encaram esse tipo de laço como parceria de evolução contínua e uma oportunidade de aprendizado mútuo, em vez de encará-lo apenas como uma maneira rápida e prática de saciar o apetite sexual. Os homens amam peitos e bundas, mas a estética sozinha não sustenta nem uma conversa de boteco que se estenda por mais de uma hora. Não é novidade que os homens são seres de extremo apelo sexual e potencialmente cegos pelo tesão, mas isso não significa que gostamos de passar horas e horas fingindo interesse e sorrindo diante do papo broxante das mulheres fúteis e ocas, apenas para no fim da noite enfim calá-las com um boquete mordaça que deveria durar anos de silêncio. Nem a acéfala cabeça roxa de nosso pau merece passar uma noite toda escutando os nomes de todos os tons de esmalte existentes na galáxia, ouvindo as fantásticas minúcias da dieta dos pontos ou aprendendo as divertidíssimas peculiaridades metabólicas dos treinos de Leg Press. Não estou dizendo que toda mulher precisa ter um Q.I igual ao do Einstein para ser boa companhia ou que o casal, para divertir-se, precisa resolver equações de física quântica enquanto espera a pizza chegar. Não é nada disso, apenas valorizo muito o poder que algumas mulheres têm de nos fazer desejar que a conversa nunca acabe, gerando uma vontade súbita de matar o garçom quando este vem à mesa avisar que o bar já está fechando. Tudo isso porque às vezes só queremos continuar ali, ouvindo o que ela tem a dizer e agradecendo por esse papo de fluência natural e diferente de muitos outros que escutamos com a cabeça nas nuvens, contando os segundos para fechar a conta e abrir o mecanismo do sutiã dela. Essa vontade de prolongar a conversa entre doses e porções de batata frita não quer dizer que não estejamos morrendo de tesão por ela e loucos para rasgar-lhe a calcinha em plena praça pública, afinal, a testosterona nunca deixará de correr em nossas veias. No entanto, mulheres inteligentes, interessantes e cativantes com toda certeza fazem os meios enaltecerem os fins, nos fazendo desejar noites com maior número de horas, pois mesmo o casal mais ninfomaníaco do mundo precisa de uma boa conversa enquanto espera o próximo round. Agora me dêem licença, irei à livraria para ver se encontro um ser dessa espécie feminina fantástica, pois na academia eu cansei de conhecer mulheres deliciosas que me fizeram admirar a genialidade e reconhecer o repertório vasto dos meus hamsters.

Sonho meu, sonho meu.

Sonho que estou dançando com você. Você sabia de trás para frente os passos de todas as músicas, todas as melodias. Você mostrava sua alma, você sabia o que fazer para chamar a minha atenção, até eu escrever um texto sobre você, e chamar a sua atenção, como agora. Você com o seu próprio estilo envolvente, você tem a habilidade de dar a vida uma simplicidade sem igual. Você me fazia gaguejar , me deixando sem palavras, ou me fazendo pegar um pedaço de papel para escrever. Você não se dobra, você não enfraquece, você é difícil na queda. Você tinha tudo que você precisava, e sem explicação, de um jeito meio complexo, a mim também. Você fazia uma ligação para fazer o meu dia, nas suas mensagem dizia o meu nome, o que você falava era tudo, ficava tudo gravado, tudo lembrado. Virava seu cabelo para o lado oposto, e eu ficava olhando atentamente. Passava a língua em seu lábio inferior, dava uma mordida, e então, você já mudava de assunto. Curvava as costas e perguntava com aqueles olhos curiosos, e hoje em dia questionadores, o por que de tanto por que. Porque eles são o início perfeito para me aproximar da sua mente, dos seus conceitos, e dizia isso gaguejando e te olhando para os seus olhos de baixo pra cima, sem piscar. Você virasse de costas, e eu apareço com um buque de rosas, e digo: "Nem tudo na vida serão flores, mas quando for, regue-as." Os metros começaram a ficar muito quadrados enquanto você se afastava de perto de mim. No escuro você é tão bonita quanto uma qualquer. No claro é bem mais inteligente que elas. Você surpreendia mesmo alguns metros de mim. Quando chegou na minha frente, deu um sorriso agridoce, como aquele tipo de pessoa que procura e, quando acha, sai correndo com medo. Quando ficamos com os corpos mais próximos, eu acordo intrigada, pensativa e sem entender nada. Claro que eu não sei nada sobre sonhos e muito menos sobre a vida e a resposta vai ser bizarra, mas acho que a experiência pode ser divertida.

domingo, 6 de maio de 2012

Musa Literária.

Depois de tanto escutar o mesmo comentário: "Nossa, jamais imaginei que você fosse escrever as coisas lindas que você escreve", acho que tá na hora para algumas explicações. Eu pensava que escrevia por timidez, por não saber falar, pelas dificuldades de encarar a verdade enquanto ardia, arvorava, arfava. Há muitos que ainda acreditam que eu comecei a escrever pela covardia de abrir a boca. Nas cartas de amor, por exemplo, eu me declarava para quem gostava pelo papel, e não pela pele, ainda que o caderno seja pele de um figo. O figo, assim como a literatura, é descascado com as unhas, dispensando facas e canivetes. Não sei descascar laranjas e olhos com as unhas, e sim com os dentes. Com as mãos, sei descascar a boca do figo e o figo da boca, mais nada. Acreditei mesmo que escrever era uma fuga, pedra ignorada, silêncio espalhado, um subterfúgio, que não estava assumindo uma atitude e buscava me esconder, me retrair, me diminuir. Mas não. Escrever é queimar o papel de qualquer forma. Desde o princípio, foi a maior coragem, nunca uma desistência, nunca um recuo, e sim avanço e aceitação. Deixar de falar de si para falar como se fosse o outro. Deixar a solidão da voz para fazer letra acompanhada, emendada, uma dependendo da próxima garfada para alongar a respiração. Baixa-se o rosto para levantar o verbo. É necessário mais coragem para escrever do que falar, porque a escrita não depende só de ti. Nasce no momento em que será lida. Eu escrevo pela adrenalina, pelo frio na barriga, e pelo desabafo que me causa sobre diversos assuntos, principalmente sobre o que eu sinto. Ultimamente, eu tenho escrito sobre uma pessoa nada convencional, e de tanto não ser normal, ela se tornou a minha "Musa Literária". Sim, a minha musa controversa, que é um desastre só, e um charme quando sorri. Eu amo desorganizado, desenvergonhado. Tenho um fascínio que não é fácil de compreender porque é confuso. Não controlo, não planejo, não guardo para o mês seguinte. A confusão é quase uma solidão adicional. Uma solidão emprestada. Sou daquelas que pedirá desculpa por algo que ela nem chegou a entender, que mandará nova carta para redimir uma mágoa inventada, que estará se cobrando antes de dizer. Basta alguém me odiar que me solidarizo ao ódio. Quisera resistir mais. Mas eu faço comigo a minha pior vingança. A sobra é o mesmo que a falta. Desejava encontrar no mundo um alguém igual ao meu mundo. Se não suporto o meu próprio mundo, como exigir isso? Um dia li uma frase em Hegel: "nada de grande se faz sem paixão". Mas nada de pequeno se faz. A paixão testa, o amor prova. A paixão acelera, o amor retarda. A paixão repete o corpo, o amor cria o corpo. A paixão incrimina, o amor perdoa. A paixão convence, o amor dissuade. A paixão é desejo da vaidade, o amor é a vaidade do desejo. A paixão não pensa, o amor pesa. A paixão vasculha o que o amor descobre. A paixão não aceita testemunhas, o amor é testemunha. A paixão facilita o encontro, o amor dificulta. A paixão não se prepara, o amor demora para falar. A paixão começa rápido, o amor não termina. Não me dou paz sequer um segundo. Medo imenso de perder as amizades, de apertar demais as palavras e estragar o suco, de ser violento com a respiração e virar asma. Até a minha insegurança. O pente nos meus cabelos é faca enquanto é garfo para os demais. Sofro incompetência natural para medir a linguagem das laranjas, acredito desde pequena que tudo o que cabe na mão me pertence. Minha lareira não dura uma noite, esqueço da reposição das achas, do envolvimento da lenha no jornal, de assoprar o fundo. Brigo com o bom senso. Ou sinto calor demais ou sinto frio demais. Uma ânsia de ser feliz maior do que a coordenação dos braços. Um arroubo de abraçar e de se repartir, de se fazer conhecer, que assusta. Parece agressivo, mas é exagerado. Conto tragédias de forma engraçada, falo de coisas engraçadas como uma tragédia. Nunca o riso ou o choro acontece quando quero. Cumprimento como se fosse uma despedida. Desço a escada de casa ao trabalho com resignação, mas subo na volta pulando os degraus. Essa sou eu: que vai pela esperança da volta. Imaginei em certo ponto, que seria melhor recuar, ficar na minha, dar um tempo pra mim, de tudo, de você. Dar um tempo é igual a praguejar "desapareça da minha frente". É despejar, escorraçar, dispensar. Não há delicadeza. Aspira ao cinismo. É um jeito educado de faltar com a educação. Dar um tempo não deveria existir porque não se deu a eternidade antes. Quando se dá um tempo é que não há mais tempo para dar, já se gastou o tempo com a possibilidade de um novo romance. Só se dá o tempo para avisar que o tempo acabou. Não é consulta, não é terapia, para se controlar o tempo. Quem conta beijos e olha o relógio insistentemente não estava vivo para dar tempo. Deveria dar distância, tempo não. Tempo se consome, se acaba, não é mercadoria, não é corpo. Tempo se esgota, como um pássaro lambe as asas e bebe o ar que sobrou de seu vôo. Qualquer um odeia eufemismo, compaixão, piedade tola. Odeia ser enganado com sinônimos e atenuantes. Odeia ser abafado, sonegado, traído por um termo. Que seja a mais dura palavra, nunca dar um tempo. Dar um tempo é uma ilusão que não será promovida a esperança. Dar um tempo é tirar o tempo. Dar um tempo é fingido. Melhor a clareza do que os modos. Dar um tempo é covardia, para quem não tem coragem de se despedir. Dar um tempo é um tchau que não teve a convicção de um adeus. Dar um tempo não significa nada e é justamente o nada que dói. Não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita.Não há quem não feche os olhos ao beijar, não há quem não feche os olhos ao abraçar. Fechamos os olhos para garantir a memória da memória. É ali que a vida entra e perdura, naquela escuridão mínima, no avesso das pálpebras. Concentramo-nos para segurar a dispersão, para segurar a barca ao calor do remo. O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio. Os cílios se mexem como pedais da memória. Experimenta-se uma vez mais aquilo que não era possível. Viver é boiar, recordar é nadar. De tanto nadar, acabei boiando e me deparei com você, me surpreendendo, trazendo idéias novas e antigas também. Me lendo, revisando. Provocando a curiosidade, e buscando o que de fato me importava. Eu estou perdida, desdo dia que você resolveu sorrir pra mim. Pergunto mesmo quando sei a resposta. É que posso mudar de resposta. Quero te conhecer para não sofrer depois tanto tua perda. Mas deveria ter dito isso antes. Afinal, perder-se é uma maneira de fazer novos caminhos e quebrar a rotina. Ninguém acha um atalho sem se perder antes.

Risco a linha, e corro riscos.

Feliz é aquele que saboreia quando come, enxerga quando olha, dorme quando deita, compreende quando reflete, aceita-se e aceita a vida como ela é. Há quem diga que felicidade depende, antes de tudo, de bastar-se a si próprio; de não depender de ajuda, de opinião e, sobretudo, de não se deixar influenciar por ninguém. Será mesmo? Você pode imaginar uma pessoa assim? Lao Tzé dizia: "Grande amor, grande sofrimento; pequeno amor, pequeno sofrimento; não amor, não sofrimento". Pode imaginar você um homem sem paixão, sem desejos? A felicidade, entendida assim, não seria apenas um engôdo, algo contra a natureza humana? Evidentemente! Sem amor, sem paixão, que sentido teria a existência? A felicidade é proporcional ao risco que se corre. Quem se protege contra o sofrimento, protege-se contra a felicidade. Quem se torna invulnerável, torna sem sentido a existência. Rir é correr risco de parecer tolo.Chorar é correr o risco de parecer sentimental. Estender a mão é correr o risco de se envolver.Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu. Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas. Amar é correr o risco de não ser correspondido. Viver é correr o risco de morrer. Confiar é correr o risco de se decepcionar. Tentar é correr o risco de fracassar.Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada. Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada. Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem. Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade. A mulher feliz aceita ser vulnerável. O homem feliz aceita depender dos outros, mesmo pondo em risco sua própria felicidade. É a condição do amor e de todas as relações humanas, sem o que a vida não teria sentido. Somente a pessoa que corre riscos é livre!

sábado, 5 de maio de 2012

A estranha.

Gostaria de não dizer que toda vez que eu falo com você eu não tenho nenhuma ideia. Você tem me dado bagagem pra escrever tanto, sobre tanta coisa, que seria uma hipocrisia minha dizer que você, e os seus assuntos incessantemente interessantes vem mantendo minha mente aquecida pra escrever o que venho escrevendo nessa última semana. Escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi. Devo confessar preliminarmente, que eu não sei o que é belo e nem sei o que é arte. Mas sei o que me agrada. Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias. E que idéias você vem me dado. Você é uma estranha no meu mundo. Uma estranha dentro do normal, ou uma estranha que eu acho que eu sei, e não sei nada, absolutamente nada dela. Hoje, um pouco mais cedo, eu disse que passaria pela minha cabeça escrever um livro quando eu encontra-se alguém que virasse o meu mundo de cabeça pra baixo, que me mostrasse coisas que eu nunca tivesse visto na vida. Você, através do telefone, em tom de brincadeira disse que era você. Mesmo sendo brincadeira por tanto que eu converso com você, e por tanta idéia que você me dá, sim, eu posso dizer que você virou meu mundo de cabeça pra baixo. E ainda digo que daria um livro de umas 100 páginas pelo menos. Não somente de você, mas dos outros capítulos da minha vida também. Mas diria que o intrigante, e o suspense ficaria sobre tudo nos teus capítulos. Eu sempre penso em tudo, a curto ou a longo prazo. Acho que eu nunca tive um freio, minha vida sempre foi a 300 quilômetros por hora, só que agora reduzi a 150. A vida hoje,só quer que eu sinta, que eu pense, que eu respire, que eu disque aqueles números mais uma vez, mais uma vez, mais uma vez. O mais estranho da estranha é essa felicidade plena em que vivo. Esse estado de graça. A estranha encheu meu estômago de borboletas coloridas. Encheu de suspiros a minha alma. Me encheu de rendição. É uma dessas alegrias de dar pulinhos e de murmurar alegria no semblante mais sério. É uma dessas alegrias tão abençoadas por Deus que Ele é quase cúmplice de esporádicas baixarias e malícias.É uma dessas alegrias desconfortáveis mas que tem cara de cama quente e travesseiro fofo. Ela nem me liga, ela dança linda e vermelha no meu tórax. Eu perco o ar, sorrio com os olhos. Ela nem me liga, formigando cada parte do meu corpo, transformando meu desenho em pontilhado. Depois me instiga a chamá-lo para que forme a imagem, fazendo o desenho existir. Ela apenas me sorri irônica e por piedade aquieta-se alguns segundos. Depois, eu mesma não agüento e a procuro: estranha por estranha, negar essa estranha ligação é muito mais louco do que aceitá-la dentro da gente.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Porra, é o final!

Ciúme não é ex. Saudade não é ex, tampouco amor. Mas a vida da qual abrimos mão por um sonho (ou por um erro) é passado. E de escolhas e de perdas são feitas a nossa história. Não há nada que se possa fazer a não ser carregar por um tempo um peso sufocante de impotência: eu escolhi que aquele fosse o último abraço. Agora é outra que se perde em ombros tão largos, tomara que ela não se perca tanto ao ponto de um dia não enxergar o quanto aquele abraço é o lado bom da vida. Da vida que te desemprega mesmo depois de tantas noites em claro e de tantas pizzas indigestas. Da vida que te abre uma porta que você jura ser a certa mas quando resolve entrar descobre duas crianças brincando na sala e uma mulher esperando no quarto. Da vida que me confunde tanto que eu quero se afastar de tudo para entendê-la de fora. Da vida que te humilha tanto que você quer se ajoelhar numa igreja. Da vida que te emociona tanto que você não quer pensar. Da vida que te engana. Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-la eu precisava viver. Não adianta eu querer ter controle das minhas emoções minímas que sejam. E que irônico: pra viver eu precisava perdê- la. Se fosse uma comédia-romântica-americana, a gente se encontraria daqui a um tempo e eu diria a ela, que mesmo depois de ter conhecido pessoas que não gritavam quando eu acendia a luz do quarto, não amavam os amigos acima de, não espirravam de uma maneira a deixar um fio de meleca pendurado no nariz, não usavam a roupa de baixo rosa, não cantavam tão mal e tampouco cismavam de imitar os cantores de MPB, não tinham a mania de aumentar o rádio quando eu estava falando, não ligavam se eu confundisse italiano com espanhol e argentino, nomes de capitais, movimentos artísticos, datas de revoluções e nomes de queijo, era ela que eu amava, era ela que eu queria. Me recordei rapidamente de todas as pessoas e coisas que perdi por ainda não estar preparada para elas, ou por ainda ter muita curiosidade de mundo e dificuldade em ser permanente. Recordei de amigos e parentes distantes, aqueles que eu sempre deixo pra depois porque moram muito longe ou acabaram se tornando pessoas muito diferentes de mim, sempre penso “mês que vem faço contato com eles”. E se não tiver mês que vem? Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente.Sou isso hoje.Amanhã, já me reinvento. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim. Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar. Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil e mesmo não parecendo, de choro também! Acredito que história escrita a lápis, lápis-borracha para tudo ser mais prático. Escrita de qualquer jeito, torta, em linhas invisíveis. Com um início duvidoso, de perder o fôlego, mas com um eterno três pontinhos num final que nem existe. Os três pontinhos são o que matam, ponto final seria a dureza clara e o fim da história, três pontinhos são o que matam. Quando as coisas acontecem naturalmente, involuntariamente, os pequenos momentos, principalmente esses, acabam se tornando os principais. Não, eu não quero ser medíocre, não. Deus não me deu esse estômago enjoado, essa alergia encantada de vida e esse coração disparado à toa. Eu devo ser especial, eu devo ter algum talento. Não, eu não quero ser medíocre, não eu não quero desistir, não quero optar pelo caminho mais fácil, não quero que a energia negativa me enterre.Faltava um cansaço de prazer que me desse preguiça de olhar para outras pessoas. Eu não sei se ela existe, da mesma forma que eu não sei se um dia serei uma grande redatora. Só sei que estou preparada para quebrar a minha cara, porque eu posso ser louca, boba e infantil, mas eu não sou medíocre. Maluca? Nas raras vezes que sou séria, me sinto tão maluca, que devo ser sempre maluca. Quem em cada pouco põe tudo que é merece ser feliz. E muito. Desculpem o trocadilho infame, mas a vida é feita de altos e baixos. Altas, fortes, morenas, sensuais, possíveis e aquele baixinha, meio esquisita, que não sai da cabeça. E nada melhor do que as lacunas da improbabilidade para esquentar uma possível paixão. Nessas lacunas você tem espaço para criar a história como quiser, ganha poder, inventa. Ela é minha, minha personagem. Olha, faça um favor para mim, antes de tremer as pernas pelo inconquistável e apagar as luzes do mundo por um único brilho falso, olhe dentro de você e pergunte: estupidez, masoquismo ou medo de viver a real verdade? Intenções soltas e desejos desconexos. Esse mistério todo é uma violência contra a minha inteligência. Sejamos diretos para não sermos idiotas. Você quer ele? Não sabe? Ah, então vá pra puta que te pariu. (E vá ser vago na casa da sua mãe porque embaixo da sua manga eu não fico mais!) Seja inteligente, faça jus à espécie, seja Sapiens. Perceba o sinal verde, ultrapasse. Eu não sou morna e, se você não quiser se queimar, morra na temperatura do vômito. E bem longe de mim. Eu queria muito. Queria as três da manhã de um sábado e não as seis da tarde de uma quarta. Iriamos viver uma história de verdade ou vou teria que te mandar pastar com outras vaquinhas? A sorte é sua e eu quero agora, ontem, semana passada. Amanhã não sei mais das minhas prioridades: posso querer dormir com pijama de criança até meio-dia, pagar 500 reais numa bolsa amarela, comer bicho-de-pé no Amor aos Pedaços ou quem sabe meter o pé na Jaca na balada. É assim que vivo, masturbando minha mente de sonhos para tentar sugar alguma realização. É assim que vivo: me fodendo. Calma, raciocínio e estratégia são dons de sentimentos relacionados ao amor que são pára racionalizar. Amor que é amor não pára, não tem intervalo, atropela. Minha fome é sobrevivência, minha vontade é mecânica, minha beleza é esforço, meu brilho é choro, meus dias são pontes para os dias de verdade que virão quando essa dor acabar, meus segundos são sentidos em milésimos de segundos, o tempo simplesmente não passa.

Bunda Dura!

Tenho horror a mulher perfeitinha. Sabe aquele tipo que faz escova toda manhã, tá sempre na moda e é tão sorridente que parece garota-propaganda de processo de clareamento dentário? E, só pra piorar, tem a bunda dura!!! Pois então, mulheres assim é um porre. Pior: são brochantes. Sou louco? Então tá, mas posso provar a minha tese. Quer ver? Prova número 1: Escova toda manhã: A fulana acorda as seis da matina pra deixar o cabelo parecido com o da Patrícia Poeta. Perdem momentos imprescindíveis de rolamento na cama, encoxamento do namorado, pegação, pra encaixar-se no padrão 'Alisabel', que é legal. Burra. Prova número 2: Na moda: Estilo pessoal, pra ela, é o que aparece nos anúncios da Elle do mês. Você vê-la de shortinho, camiseta surrada e cabelo preso? JAMAIS! O que indica uma coisa: ela não vai querer ficar desarrumada nem enquanto estiver transando. Prova número 3: Sorriso incessante: Ela mora na vila dos Smurfs? Tá fazendo treinamento pra Hebe? Sou antipática com orgulho, só sorrio para quem provoca meu sorriso. Não gostou? Problema seu. Isso se chama autenticidade, meu bem. Coisa que, pra perfeitinha, não existe. Aliás, ela nem sabe o que a palavra significa... Coitada. Prova número 4: Bunda dura: As muito gostosas são muito chatas. Pra manter aquele corpão, comem alface e tomam isotônicos, portanto não vão acompanhá-lo nos pasteizinhos nem na porção de bolinho de bacalhau do sabadão. Bebida dá barriga e ela tem H-O-R-R-O-R a qualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba onde começa a pornografia: nada de tomar um bom vinho com você. Cerveja? Esquece! Portanto: É melhor você ter uma mulher engraçada do que linda, que sempre te acompanha nas festas, adora tomar uns bons drinks, gosta de futebol, prefere andar de chinelo e vestidinho, ou então calça jeans desbotada e camiseta básica , faz academia quando dá, come carne, é simpática, não liga pra grana, só quer uma vida tranqüila e saudável, é desencanada e adora dar risada.Do que ter uma mulher perfeitinha, que não curte nada se veste feito um manequim de vitrine, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a seqüência de bíceps e tríceps. Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite? O senso de humor compensa. Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira. Pode até ser meio mal educada quando você faz alguma pergunta idiota, mas e daí? Porque celulite, gordurinhas e desatenção têm solução. Mas ainda não criaram um remédio pra FUTILIDADE!!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Dúvida, pra que te quero?

Um emaranhado de incógnitas que não suporta se curvar ao domínio das dúvidas, das obrigações, do tem que ser, do deve ser! Não são essas certezas infundadas que me dão tesão em descobrir a verdade.E como sei que sou um vulcão em erupção, prefiro me desvendar aos poucos, lentamente, para não me ferir e não ferir ninguém. Essa é uma das únicas certezas que tenho! Talvez infundada também. Posso parecer feita de certezas, quando, na verdade, não passo de uma mulher cheia de dúvidas. Mas são essas dúvidas que me guiam atrás de respostas. E o que eu digo aqui, eu aprendi durante essas buscas infindáveis. Quantas vezes acabei encontrando uma pergunta ainda mais inquietante, quando tudo o que eu queria era uma resposta curta e certeira. Não há. Nunca houve. Algumas delas o espelho me conta, quanto a outras, me dá somente dicas confusas. E tem também aquelas que são tão complicadas que eu nem sei por onde começar a perguntar. E é por não ter respostas para tudo que eu acabo escrevendo pra mim mesmo essas perguntas. Um dia eu vou saber responder. E vou escrever na minha alma, para que todos leiam por detrás dos meus olhos. Tive dúvida sobre amores, duvidas onde tive que escolher um, e escolhi o errado. Dúvida se amava, então terminei e percebi que amava, e acabei fazendo tudo errado, não teve volta. Tive dúvidas sobre ser amado, então pus a prova e então perdi o amor. Falei que gostava quando amava, falei que era afim quando a paixão reinava, tinha tesão e achei que amava, mas nunca tive dúvida de uma coisa, do amor próprio pois em todas essas situações percebi que me amava. Entender? Não entendo nem a mim, meus devaneios ainda me assustam. Estou envolta em dúvidas sem fim, a eterna adolescente que teme crescer. É estranho olhar para o céu de dia e não ver as estrelas, não entendo como posso ser como sou. Poderia ser um pássaro a se entregar a revoada, poderia ser um cão com vários donos de estimação, poderia não ser nada, poderia ser tudo. O que sou, o que não sou e que não entendo, busco uma razão para não ter razão alguma, e entender o que eu nunca entenderei. Revoltas e duvidas me rondam espontâneas ou não. Surgem como um dente em uma criança, ou com um fio de cabelo branco, resultado de tempo, independente de quantidade ou resultado. Sem saber quando ou porque, na verdade não me importo com o tempo que passou, mas sim com que ainda me resta. O que ainda vai dar tempo, o que da pra fazer antes do fim? Sabe lá, me diz aí! Se eu ainda tô com duvida do começo, o que dirá do final. Dona da verdade, adjetivo de ofensa ou qualidade, sabe lá pra quem. Isso que nasce enraizado em nós ou não, sempre me faz achar que eu estou um passo a frente para chegada, sem lembrar que alguém teve que traçar o ponto de chegada, sem esse nada teria sentido. Seria em vão! As vezes, eu gosto de me fechar com meus pensamentos, duvidas, certezas. Gosto de deitar, e ficar por horas, pensando na mesma coisa, ou na mesma pessoa, gosto de pensar na vida, refletir sobre o meu mundo, mesmo que eu não possa fazer nada pra melhora-lo, pensar nele é um bom começo. Me safo bem de diversas situações.. as vezes por sorte , outras por acaso, mas sempre, pela inteligência. Gosto disso. Sou insegura em várias situações como qualquer pessoa da minha idade. Confesso que ainda tenho medo do escuro, de espíritos e medo nenhum de gente viva. Eu gosto de aparecer de surpresa em lugares inesperados, de dar presentes que mostram o que eu sinto, de ver filmes que mexam com a minha imaginação, de ler livros que me façam pensar como o escritor. As vezes fico totalmente fora de mim, 'morro' de raiva, dou grandes chiliques por dentro, mas por fora.. como uma boa menina, eu sou totalmente segura, confiante e as vezes fria (ou não). Muitas vezes, preciso me mostrar segura, pra quem sabe eu acreditar mesmo que realmente sou. E nessa levada toda, o que eu espero? Que os meus sonhos possam ser realizados; Que minhas dúvidas possam ser respondidas; Que minhas angústias possam ser quebradas; Que a minha espera seja digna; Que o meu recomeçar seja feito quantas vezes forem possíveis; Que não me esqueça dos que já foram; Que eu não permita partir os que permanecem; Que eu espere com paciêcia os que estão pra chegar. Jason Mraz - Butterfly

quarta-feira, 2 de maio de 2012

O que acontece é que..

Eu ajudo sempre quem precisa de mim. Eu me orgulho da minha habilidade em formar frases. Palavras na minha humilde nada opinião, são nossa fonte inesgotável de magia. Capazes de cessar grandes sofrimentos, e também remedia-los. Mas eu diria neste caso, alterando a minha frase original que, eu ajudo sempre os que merecem. De repente, eu me vejo só. Dentro do parque, dentro do bairro, dentro da cidade, dentro do estado, dentro do país, dentro do continente, dentro do hemisfério, do planeta, do sistema solar, da galáxia, dentro do universo, eu estou só. De repente, com a mesma intensidade estou em mim. Dentro de mim e ao mesmo tempo de outras coisas, numa sequência infinita que poderia me fazer sentir grão de areia. Mas estar dentro de mim é muito vasto. Não irei entender que vezenquando eu fico triste sem motivo, ou pior ainda, sem saber sequer se estou mesmo triste. Não sou para todos. Gosto muito do meu mundinho. Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestade. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente. Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias. Tenho trabalhado tanto, mas sempre penso na vida. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assenta e com mais força quando a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Sabe, eu me perguntava até que ponto a vida era aquilo que eu via ou apenas aquilo que eu queria ver. Eu queria saber até que ponto ela não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem parte dela, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Então deletei, tudo aquilo que não valeu a pena. Quem mentiu, quem enganou seu coração, quem teve inveja, quem tentou me destruir, quem usou máscaras, quem me magoou, quem me usou e nunca chegou a saber quem realmente você é. Eu quis tanto ter a paz, quis tanto que ela fosse ao meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que ela tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim. Escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E eu acho que é por isso que escrevo, para cuidar do que ainda tenho, para cuidar de mim. Para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na memória, no coração, na cabeça, como uma sombra escura. A vida tem caminhos estranhos, tortuosos às vezes difíceis: um simples gesto involuntário pode desencadear todo um processo. Sim, existir é incompreensível e excitante. Porque o coração nem sempre é mocinho. Foi por isso que eu vou correr, estou fugindo, mas quando tem que ser, não adianta, será. Playing: Nando Reis - All Star