sexta-feira, 22 de março de 2013

Só compreenda.

Mulheres têm um idioma todo particular. Elas falam duas coisas ao mesmo tempo. São várias expressões que não podem ser compreendidas ao pé da letra. Apresentam um sentido totalmente diferente daquilo que a gente pensava.

Não sou nenhum Chico Buarque, nem um Teixeirinha, mas vou me arriscar a traduzir a alma feminina para prevenir divórcios pelo país.

Quando a mulher diz "vamos sair um pouco!" significa "eu quero mudar de canal, não agüento mais futebol!"

Quando a mulher diz "estou depilada" significa que está a fim de sexo.

Quando a mulher diz "só um minutinho" significa "duas horas e um minutinho".

Quando a mulher diz "estou irritada" significa que ela está maluca.

Quando a mulher diz "tenho dor de cabeça" significa "me deixa quieta!"

Quando a mulher diz "você não presta" significa "eu te amo apesar de tudo".

Quando a mulher diz "cala a boca" significa que você não sabe ouvir.

Quando a mulher pergunta "tem alguma coisa na geladeira?" significa "me leve para jantar fora!" (ela sabe que não tem nada)

Quando a mulher diz "não é necessário, amor" significa "é muito importante, amor".

Quando a mulher diz "você não me entende" significa que você não faz o que ela quer.

Quando a mulher diz que está indecisa numa loja significa um pedido para você comprar a peça e dar de presente.

Quando a mulher diz “pode ir sozinho” significa “me leva junto, por favor”.

Quando a mulher diz pode atender ao telefone no meio de um filme significa “desligue o celular, pô!”.

Quando a mulher diz “amanhã” significa nunca.

Quando a mulher diz “hoje” significa ontem.

Quando a mulher diz "vamos dormir" significa dormir mesmo.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Mão no bolso.

Sensualidade é elegância. Temos como parâmetro afrodisíaco a mulher que usa vestido, decote, que mostra as virilhas e os seios. É a imagem praiana, tropical, sestrosa. A clássica cena latina, da modelo voluptuosa, transbordante, oferecida, rebolando sem parar e, claro, de bunda avantajada. Não é isso que me interessa. Chupar os dedos e descruzar as pernas tampouco paralisam meu olhar. Também nunca fui fã da garota de Ipanema, ela não saiu da infância do sexo. A discrição é que me excita. A discrição que é selvagem. A discrição é que oculta os poderes intuitivos. Um verdadeiro animal não se entrega de primeira. Nada mais elegante (e sexy) do que uma mulher com calça de alfaiataria de algodão, ou jeans, com corte apropriado e honesto. É na calça que ela vai demonstrar toda sua cultura, temperamento e domínio de lugar. É na hora de colocar as mãos no bolso. Mulher que sabe colocar as mãos no bolso me desconcerta e me alucina. Tem vocação de imperatriz. Não teme a masculinidade do traje. Não é afetada, não precisa apelar para a roupa colada, não promove nenhuma exibição gratuita das coxas. A sobriedade é ainda um concurso insuperável de beleza. Ser bonita de saia é fácil. Vá colocar uma calça e atrair a rapaziada para compreender o que é empatia da pele. Eu me apaixono na hora. Entrego o carro como entrada de apartamento, largo a estrada pela varanda. Além de manter o mistério, ela venceu o maior desafio da aparência: pôr as mãos no bolso e não transpirar timidez, desconforto e confusão. O bolso representa um desafio de intimidade. Uma prova de autenticidade. É como preparar arroz. É simples, mas a maioria erra o ponto. Eu até hoje não tenho prática. Amontoo os dedos, não relaxo, mexo as chaves, jogo um fla-flu com as moedas, coço o pescoço, fico tensa e ridícula. Quem me olha jura que faço pose, beiço, chantagem ou , pior, que estou apertada. Mulheres que conseguem colocar belamente as mãos no bolso são decididas, transam maravilhosamente, não têm vergonha do corpo e do amor. Não serão fantoches do trabalho, ou dos clichês. O bolso é uma luva, o bolso é uma bolsinha de festa, o bolso é o avesso do mundo. É previsível, não duvide, que elas vão terminar colocando seu namorado, caso, affair, ou até mesmo macho alfa, no bolso.

terça-feira, 19 de março de 2013

Última Romântica

Homens precisam passar segurança. Não precisam ser fortes ou algo assim. Podem ser baixinhos, gordinhos e com pouco talento para as artes marciais. Mas precisam passar segurança ao entrelaçar os dedos na gente, meio que como nos gritassem que tudo vai dar certo. Homens precisam ter um colo paterno, mas saber que não são nossos pais. Homem é um misto de irmão mais velho cuidadoso, irmão mais novo implicante e primo safado do interior.

E para nós, mulheres, detalhes nunca são meros detalhes, sempre são enormes e significativos. Aquele bilhetinho deixado quando você sai mais cedo para trabalhar, aquela hora em que você me liga só para me lembrar do remédio da amada, quando você tira as cebolas das pizzas porque sabe que ela não gosta ou nas horas em que você coloca a mão na coxa enquanto conversa com ela, ou até mesmo quando dorme como se fosse um cruzamento na cama sem deixar ela desconfortável.

Para me agradar, não me dê flores, chocolates ou ursinhos de pelúcia. Dê cartões. Escreva coisas estúpidas e bobas que me farão rir como uma criança. Depois disso você pode comprar flores, chocolates e ursinhos. Você pode até me dar um helicóptero todo rosa pink, com minhas iniciais na porta. Mas se não tiver um cartãozinho surpresa com teus garranchos, não será a mesma coisa, entende?

Outra coisa, tem que ter é pegada. Mas não achar que pegada significa arrancar tufos do meu cabelo. Tem que saber apertar meu rabo de cavalo sem tirar nenhum fio dali. Vai por mim, gente que machuca demais na hora da transa não são boas de cama. Tem que ser atenciosa, seja para perceber que cortamos dois dedos do cabelo ou para distinguir nossos gemidos de “tente mais um pouco” e de “não para, pelo amor de Deus”.

Não precisam ser um Fred Astaire, mas é importante que tenham a coragem de nos tirar para dançar. E não menos importante: que não tenham vergonha caso nós tiremos para dançar, afinal, não vim a esse mundo necessariamente para ser escolhida. No momento da valsa, é de bom tom que nos carreguem pela mão e nos unam em teu corpo. Porém, corpo não é tudo. Gosto de gente-cabeça. Pessoas que leem são mais interessantes. E ser interessante vale mais do que olhos azuis e pernas malhadas.

Surpresas também sempre são bem-vindas, meus caros. Seja um SMS bonitinho enquanto estou numa aula chata ou me levar aquela bala do arco íris que você sabe que eu adoro. Entendam que presentes não são o preço que custaram. Como próprio nome já diz, presentes são para fazer presença. Então, quanto mais eu fizer presença em tua vida, saberei que faço parte dos teus dias também, assim como você faz dos meus.

Em dias nublados, é uma boa estratégia sair com casacos, mesmo que não estejam sentindo frio. Hormonalmente, mulheres sentem mais frio, e é por isso que o casaco extra pode ser importante nesses momentos. Mas não se esqueçam de abraçar. Melhor do que casaco de lã é par de braços perfumados.

Sorria das minhas caretas, mas sem deboche. E me faça sorrir também. Faça a sorrir , mesmo que não seja exímio contador de piada. Cada um tem a sua arma provocadora de riso: sejam as cócegas, as caretas, se sujar ao lavar a louça ou comprar o box de The Big Bang Theory. Mas faça sorrir. Entenda que chave para o coração de uma mulheres está nas gargalhadas que ela solta ao seu lado.

Mas, o que são legumes?

Um futuro no qual as crianças não reconhecerão legumes como alimentos. Futuro esse que já se faz presente. A escassez de comidas orgânicas e explosão no consumo de produtos industrializados tirou da rotina e paladar dos jovens o gosto por refeições realmente saudáveis. O resultado? Obesidade infantil. No último domingo (17), o Fantástico exibiu uma matéria sobre crianças acima do peso que me preocupou muito, mesmo eu não sendo ligada a área da saúde, mas me preocupou muito. Como irmã, madrinha e quem sabe futura progenitora de algum micro ser. O documentário de Estela Renner, "Muito além do Peso", não se limita apenas a questões sobre educação alimentar e põe em evidência outros elementos que contribuem efetivamente para o aumento da obesidade no país. Entre eles, ações publicitárias e governamentais. O documentário discute por que 33% das crianças brasileiras pesam mais do que deviam. As respostas envolvem o governo, os pais, as escolas e a publicidade. Com histórias reais e alarmantes, o filme promove uma discussão sobre a obesidade infantil no Brasil e no mundo. O que de fato, chama atenção é a veracidade dos fatos. De como uma simples ação visual, de mostrar de fato como as coisas realmente são para as crianças e também para os próprios pais, valem mais do que mil palavras ditas por médicos, cientistas e afins. Classificada como “epidemia” no Brasil, a doença atinge mais de 40% da população. Em relação aos jovens, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam aproximadamente 15% de casos com excesso de peso entre crianças de cinco a nove anos. Foi com o intuito de ampliar e compartilhar informações sobre este problema que a diretora e idealizadora do projeto resolveu disponibilizar gratuitamente na internet este documentário: http://www.muitoalemdopeso.com.br/index.html

terça-feira, 12 de março de 2013

Andar sobre a cegueira

Depois da pílula anticoncepcional, ficar deve ter sido a grande invenção do século XX, ao menos em termos de relacionamentos. Evoluímos do papai que escolhia com quem sua filha ia casar para o namoro no portão com a irmã ao lado, para poder provar o quanto quiser. Maravilha! Mas não sei bem, às vezes me pego pensando que no meio disso perdemos algo, certa emoção que tinha o namorico do portão, envolvente, saboreado. Na geração fast food que devora tudo que passa rápido e vorazmente, variedade é a ordem. Provamos e descartamos as pessoas de nossas vidas com rapidez impressionante, mal deu tempo de sentir o gosto e… já foi, próximo! Você viu bundas e braços fortes, boca carnuda; pena que esqueceu, também, de olhar. Perdeu o sorrisinho de lado safado, a mexida no cabelo meio sem graça. Nem perceberam que ambos adoram falar sobre nuvens, Lua, que conheceram locais exóticos da cidade, que adoram o som do vento e sucos naturais; não olharam, apenas se viram, beijos e mãos imediatas e desatentas, quase sem interesse. Por isso, proponho um manifesto pelo fim de bocas que não te olham, de mãos que te afagam e não te sentem, de pegadas que não se doam, de ficadas egoístas. Para ver basta abrir os olhos. Coloque os óculos se precisar focar melhor; mas, apenas eles, não serão suficientes para se olhar, é preciso sair da bolha, prestar atenção, perguntar, observar e claro se doar, ao menos um pouquinho. O olhar é observador, interessado, atento às nuances, sente o outro enquanto percebe a si. Não julgaras, apenas contemplaras. Treinar o olhar é abrir-se para perceber o que acontece a seu redor, novos ângulos, enxergar o avesso, sair do óbvio, coisa de fotógrafos e desenhistas. Pena que, até mesmo nós, muitas vezes recuamos na hora de olhar para as pessoas fora das lentes e retratos. Portanto, apure seu olhar curioso, criativo e destemido em prol de relações mais intensas e verdadeiras. Olhe a pessoa que acabou de conhecer e se deixe olhar. Não tenha medo, quebre a passividade do ver, nada de mal pode lhe acontecer. Muito pelo contrário, no máximo você vai descobrir alguém interessante, reconhecer afinidades, dar risadas e bons beijos. Talvez até descubram que a química não rolou, mas aí também descobrirão que não é só isso que importa. Que o olhar é descomprometido, livre e nasce apenas da vontade de estar presente e saborear o novo. E que muitas vezes onde não brota um amor, pode nascer uma boa amizade, ou apenas uma série de bons momentos que, no final, é basicamente o que levamos da vida. Pra terminar, deixo um trecho de Rubem Alves que fala muito bem desse assunto: “A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que veem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.”

Parei de caminhar sozinha.

Hoje é mais um dia 12, mas dessa vez caiu em uma terça-feira comum. Levantei cedo, mais do que de costume. Cedo o suficiente para ver os primeiros sinais de luz do dia no céu. Tirei até uma foto pra guardar junto com aquelas que tenho de nós. Me olhei no espelho e gostei do que vi. Aquelas rugas nos olhos não estavam aqui 1 anos atrás, o cabelo era mais escuro e, arrisco dizer, mais volumoso também. São as marcas que o tempo deixa, e a passagem dele foi importante para a nossa história. A forma física, diga-se de passagem, está melhor. Tenho seguido seus conselhos, deixado a preguiça de lado e me exercitado regularmente. E o sorriso continua aqui – mais sincero, porém, mais seletivo. Preparei meu café da manhã com tudo o que tinha direito e me sentei para comer com calma, como se as horas não fossem mais passar. Mania errada aquela que a gente tinha de ignorar a principal refeição do dia. Mas tudo bem, tem certos hábitos que se adquirem com a idade mesmo, e valia a pena guardar espaço para o almoço quando tinha aquela massa divina. Escolhi a roupa para o trabalho e, não ria, continuo usando jeans e camiseta como sempre. A diferença está na maquiagem, no salto (bem raramente), no blazer, nos óculos de grau. Agora as responsabilidades são maiores e, apesar de aqui dentro ainda existir aquela mesma palhaça que te fazia gargalhar, eu preciso garantir um pouco de credibilidade alheia quando tomo decisões em uma reunião. Cheguei cedo no escritório e aproveitei para consultar pela Internet o resultado dos meus exames de laboratório. Arrisco dizer que a saúde nunca esteve tão boa. Colesterol diminuindo, glicemia, triglicérides, tudo normal. Realmente não tenho do que reclamar. Até aquela dor no tornozelo, que eu usava às vezes como desculpa pra ganhar sua atenção, já não existe mais. O coração só me dá orgulho, continua batendo forte por aquelas pessoas especiais que a gente sempre tentava inserir no nosso dia a dia. Pra falar a verdade, dentro dele tem mais gente agora. É assim que é, não é mesmo? Quanto mais vivemos, mais pessoas vão entrando. Algumas saem batendo portas, outras desaparecem depois de fazer uma bela bagunça, mas ele funciona e às vezes acelera quando bate a saudade. Como hoje, nesta segunda-feira de sol, dia doze de março. Hoje eu olhei para nós em uma foto e lembrei de uma frase que li, ouvi, sei lá. “A saudade é melhor do que caminhar vazio”. Então me olhei no espelho de novo e me dei conta de que fazem exatamente 1 anos que meu caminho é cheio da tua presença. Cheio da vida que você tanto ama, cheio do teu entusiamo e otimismo. E de que eu nunca mais caminhei vazia.

sábado, 2 de março de 2013

Minha vida seria melhor sem você. Mas, sem você, o que sobra de mim?

Sem avistar você no panorama ótico do meu campo de visão as coisas são menos finitas. Os espaços se preenchem de entendimentos que eu não posso ignorar. É você ali e isso transforma os meus graus de miopia num blur seletivo: eu não consigo enxergar nada que esteja a sua volta. Com você no centro ou nos cantos da minha armação. Você deixa a minha visão turva e faz com que eu desmanche a postura previsível de segurança forjada. É que você me invade num contexto que só eu compreendo. É que você me desarma e, talvez, nem faça isso por querer. Só por acaso mesmo. Pior pra mim.
Se eu não ouvir o que você diz, eu faço melhor. Como se cada palavra sua fosse um guia mal informado de todas as coisas que eu deveria evitar, mas não consigo. Cada fonema sendo ditado de um jeito irregular que me deixa extasiada e eu não consigo pensar direito quando o fundo de cena é a tua voz. Seja aqui ou do outro lado da linha, eu tento me redimir internamente e me desculpar pelas vezes em que me distraio em você. Nas suas ondas sonoras que me confortam bem mais que algum mar de águas claras do litoral. É que a vibração do seu tom me desestabiliza. E o volume me desperta num sobressalto. São mais decibéis do que eu posso suportar. Em quantos Hertz bate a sua frequência? Ah, deixa pra lá. Nem o meu isolamento acústico consegue me proteger de você.

Sem você, os meus abraços são menos vazios. Eu descanso a cabeça com alguma paz despreocupada e sem aperto nenhum no peito. Não tem agonia e eu não preciso me apresentar para ninguém que se entrelace nos seus dedos. Não tem ciúmes para me corroer por dentro, em silêncio, no escuro, enquanto toca alguma música alta e a minha companhia é uma taça. Não tem olhos nos olhos – os seus com os de outro alguém – me perturbando ao longe enquanto eu me pergunto que diabos eu faço ali. Eu posso ser mais gentil com você mesmo se você não estiver por perto. Deixo a irritação que me abate por ter você por perto sem nunca ter e me deixo deixar de ser. Deixo estar tudo bem. Porque com você eu sou sozinha, ainda que eu adore a sua companhia nitidamente afastada.
As coisas iam bem sem você. A paleta de cores das minhas escalas eram as mesmas e as minhas convicções mundanas continuavam firmes e fortes. A minha atmosfera era inofensiva, mas você tinha que me fazer colidir com alguma parte de você e desestabilizar o meu alinhamento. Faltou oxigênio. E a gravidade da situação era alta demais pra chegar perto de zero. Mesmo assim, eu flutuei. Fiquei sem os dois pés no chão e acho bem que você nunca reparou nisso. Sem você eu faria o mesmo movimento cotidiano de rotação sem me importar em virar de costas e esbarrar por acaso nos seus motivos. Eu acendi uma vela pra Deus e outra pro Diabo, vivendo num paraíso infernal que é a sua presença faltosa. Despretensiosamente provocante. Insistentemente desleixada. Cheia de deixa pra lá, mas vem aqui.

A minha vida seria melhor sem você. Mas, sem você, o que é que me sobra?