quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O amor chega em uma hora.

Daqui a uma hora ele chega. Não deu tempo de consertar o esfolado da minha unha e de esfoliar decentemente os pêlos encravados. Esfolado, esfoliado. Tudo parece música e rima mas é só porque você chega em uma hora. Tem um carro que passa lá longe, enquanto eu tento abrir os olhos e encarar esse dia em que você chega. Esse carro não sabe, mas foram mil anos abrindo os olhos e ouvindo carros e ouvindo ruas e não ouvindo a sua voz. E agora a sua voz existe e você chega em uma hora.

Não estou pronta. Minha barriga dói. Eu tenho vontade de vomitar. Eu não consigo comer de tanto medo que eu estou sentindo. Eu quase desmaiei agora de manhã, porque pra piorar está calor. Não lido bem com calor. Não lido bem com nada que não seja eu em minha bolha arejada de imaginações. Mentira, não lido bem com minha bolha arejada de imaginações também. Não lido bem com nada. Não deu tempo de virar mulher. A hora que ele aparecer no desembarque do aeroporto, com sua cara de adulto, com sua voz de adulto, eu vou ter vontade de pedir que ele volte de onde veio e espere mais cem anos. Porque não deu tempo de eu virar mulher. Eu vou ter vontade de pedir que ele me carregue no colo até a casa da minha mãe e me entregue pra ela.

Eu queria tomar sopa na casa da minha mãe. Eu lembrei agora que minha mãe me dava Sustagem quando eu ficava assim, tão assustadoramente encantada pelo mistério das coisas. E ela temia que eu desintegrasse. E agora? Como faz quando se é adulta? Qual é a sustagem de agora para que eu não desintegre? Como é que se ama com um corpo de vinte anos se por dentro eu tenho cinco anos e estou tremendo, apavorada, pressentindo o estrago que as coisas de verdade podem causar. Por que eu chamo de estrago quando sei que, na verdade, estrago é o que as coisas que não são de verdade causam. Eu tenho tamanho pra suportar o tamanho das coisas de verdade?

O amor chega em uma hora e eu ainda não consegui comer, escolher a roupa, arrumar meu cabelo, decidir se já posso amar. O amor chega em uma hora e vai quebrar meu gesso mas eu não decidi se os ossos já estão bons o suficiente. Mas ele vai chegar com trinta martelos e eu vou estar esperando, forte e decidida, pra receber a porrada. E o ar que vai entrar. E mais dor. E o ar que vai entrar. E quem sabe então alguma felicidade, já que fui corajosa.

Quem sabe a felicidade seja a harmonia entre a dor e o ar que entram pelos poros que temos coragem de abrir? E quem sabe só o amor seja o martelo possível? Escrevo isso e penso demais. Porque quero tanto e não quero tanto. Porque se acabar morro. Porque se não acabar morro. Porque sempre levo um susto quando te vejo e me pergunto como é que fiquei todos esses anos sem te ver. Porque você me entedia e dai eu desvio o rosto um segundo e já não aguento de saudade. E descubro que não é tédio mas sim cansaço porque amar é uma maratona no sol e sem água. E ainda assim, é a única sombra e água fresca que existe.

Mas e se no primeiro passo eu me quebrar inteira? E se eu forçar e acabar pra sempre sem conseguir andar de novo? Eu tenho medo que você seja um caminhão de luz que me esmague e me cegue na frente de todo mundo. Eu tenho medo de ser um saquinho frágil de bolinhas de gude e de você me abrir. E minhas bolhinhas correrem cada uma para um canto do mundo. E entrarem pelas valetas do universo. E eu nunca mais conseguir me juntar do jeito que sou agora.

Eu tenho medo de você abrir o a camisa xadrez que passo todos os dias para me manter ereta, firme e irônica. Minha angústia particular que me faz parecer segura. Eu tenho medo de você melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais possa me ajeitar, confortável, em minhas reclamações. Eu tenho medo da minha cabeça rolar, dos meus braços se desprenderem, do meu estômago sair pelos olhos. Eu tenho medo de deixar de ser filha, de deixar de ser amiga, de deixar de ser menina, de deixar de ser estranha, de deixar de ser sozinha, de deixar de ser irônica, de deixar de ser cínica. Eu tenho muito medo de deixar de ser.

Agora é menos de uma hora. Você vai chegar e automaticamente minha agenda de milhares de regras e horários e controles vai desaparecer. E eu vou ficar apavorada porque só o que eu tenho é o contorno ocioso que eu dou para os meus dias. E você, porque me abraça e me dá outro desenho, é o vilão da minha vida programada. Você é o tufão de oxigênio que invade meu nariz mas, porque estou com tanto medo, mais parece falta de ar.

Agora é menos de menos de uma hora. Preciso terminar esse texto. Mas eu tenho medo, sobretudo, de terminar esse texto. Sobre o que eu vou escrever se você for melhor do que esperar por você?

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Atire a primeira flor!

Quando tudo parecer caminhar errado, seja você a tentar o primeiro passo certo;
Se tudo parecer escuro, se nada puder ser visto, acenda você a primeira luz,
traga para a treva, você primeiro, a pequena lâmpada;
Quando todos estiverem chorando, tente você o primeiro sorriso;
talvez não na forma de lábios sorridentes, mas na de um coração que
compreenda, de braços que confortem;

Se a vida inteira for um imenso não, não pare você na busca do primeiro
sim, ao qual tudo de positivo deverá seguir-se;
Quando ninguém souber coisa alguma, e você souber um pouquinho,
seja o primeiro a ensinar, começando por aprender você mesmo,
corrigindo-se a si mesmo;
Quando alguém estiver angustiado à procura, consulte bem o que se passa,
talvez seja em busca de você mesmo que este seu irmão esteja;
Daí, portanto, o seu deve ser o primeiro a aparecer, o primeiro a mostrar-se,
primeiro que pode ser o único e, mais sério ainda, talvez o último;
Quando a terra estiver seca, que sua mão seja a primeira a regá-la;
quando a flor se sufocar na urze e no espinho,
que sua mão seja a primeira a separar o joio, a arrancar a praga,
a afagar a pétala, a acariciar a flor;
Se a porta estiver fechada, de você venha a primeira chave;
Se o vento sopra frio, que o calor de sua lareira seja a primeira proteção
e primeiro abrigo.
Se o pão for apenas massa e não estiver cozido,
seja você o primeiro forno para transformá-lo em alimento.
Não atire a primeira pedra em quem erra.
De acusadores o mundo está cheio; nem, por outro lado, aplauda o erro;
dentro em pouco, a ovação será ensurdecedora;
Ofereça sua mão primeiro para levantar quem caiu;
sua atenção primeiro para aquele que foi esquecido;
Seja você o primeiro para aquele que não tem ninguém;
Quando tudo for espinho, atire a primeira flor;
seja o primeiro a mostrar que há caminho de volta,
compreendendo que o perdão regenera,
que a compreensão edifica, que o auxílio possibilita,
que o entendimento reconstrói.
Atire você, quando tudo for pedra,
a primeira e decisiva flor.

Atire a primeira flor!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Vai embora o carnaval, entram as baladas.

Pula, solta serpentina, joga espuma, olha o confete, e tudo com o copo na mão. Quatro dias sem parar, sem se preocupar com nada, além da diversão. Os quatro dias passam, chega a Quarta-feira de cinza, e bate aquela depressão. " Poderia ter me divertido mais!" diz o folião que aproveitou até o último minuto da festa.

Passam dois dias, e ele lembra: "Poxa, já é Sexta-feira, o que será que tem pra fazer?". Eu digo que ainda há blocos de carnavais, desfile das campeãs, e BALADA! Sim, aquela que você geralmente frequenta o resto do ano todo.

A balada, diferentemente do carnaval não dura 4 dias, a não ser que você vá para uma Rave. Então nesse caso, aqui vão as dicas da Night (e seja o que eu quiser):

Dicas da Night.

1- Você que é mal intencionado, querendo sair pra beber até cair, faça o favor de guardar o vômito para casa. Não há amizade que resista a vomitada!

2- Você que só quer sair para dançar. O desodorante é seu melhor amigo. Esse negócio de "Put your hands up!" só é bom, se você estiver cheiroso.

3- Você que vai sair pra caçar homem. Amor, só na TV isso se chama "Mulher de atitude". Na vida real, é piriguete mesmo Cuidado pra não dar vexame!

4- Você que vai sair pra caçar mulher. Se você é feio, a bebida é a sua melhor amiga. Não tem quem resista a alguém que pague a comanda inteira.

5- Você que quer sexo. Ligar para ex nem no último estágio de carência. Deixe a noite agir e te arrumar um novo brinquedo. Fuja do que já foi usado!

6- Você que vai pra alguma micareta ou baile pós carnaval. Micareta ou Baile são patrocinados pela Gabi Herpes. Se joga na beijação com gostinho de suor.

7- Você que tá com preguiça de sair de casa. Pessoa, quando sua vida vira uma "Zorra Total", o Super Cine saí de cena. Vai ferver antes que o corujão pegue você.

8- Você que vai pra balada, odeia a música, mas é a única que presta na cidade. Jogue suas músicas fubá no Ipod, e dance como se não houvesse amanhã.

9- Você que tá sem dinheiro pra sair. O segredo já é chegar bêbado e ser simpático com os ricos. Se pobreza fosse desculpa, não tinha mendigo pinguço.

10- Se beber, não dirija. Se pegar gente feia, não deixe que tirem fotos de você.

Independentemente do lugar que você vai se divertir, camisinha sempre.

Bom divertimento meu povo, por que oficialmente, 2012 começou.