sexta-feira, 31 de agosto de 2012

17

Bem vindo, dia 17. Saiba de antemão que você será um dia raso com pensamentos profundos.Hoje é aniversário de uma das pessoas que mais amei na vida. Ironicamente, já não nos sabemos uma da vida da outra.Não, não falo de um amor que não vingou. Dizem que ‘a gente cura um amor frustrado buscando outro amor’, e crendo ou não nesse clichê, ele é disseminado por aí, repetido cada vez que um coração partido precisa de conforto.No meu caso, nem com frases de efeito posso contar, já que o âmago dessa história é uma amizade.Quem está aniversariando é uma amiga (já que ex amiga não existe, na minha concepção). Nos tratávamos por apelidos que já não cabem... Embora não tenham perdido a validade, perderam muito do sentido.Mil vezes lembranças inteiras do que um presente despedaçado.Também não posso me lamentar. Rupturas raramente tem um único culpado, embora nosso umbigo sempre teime em varrer a culpa pros lados de lá.Simplesmente não pude esquecê-la... Não hoje.Julho passado, passei mais de uma semana enfiada numa gripe dos infernos, aquelas que a gente parece que vai morrer e nos piores momentos tudo que recordo, além de uma sede descomunal, é de conversar com essa amiga... Tê-la ao lado da cama acarinhando minha testa e tentando me fazer esquecer das dores e tubos.Por que estou contando isso? Porque ela nunca foi me visitar. Restam duas explicações: um devaneio fortalecido pela medicação ou laços muito fortes.Como boa sonhadora, escolhi crer na segunda opção.Pudesse, ligaria pra ela e falaria do quanto me fazem falta nossas conversas. Daria os parabéns cobrando uma comemoração inesquecível e dizendo ‘até amanhã.’ Mas não posso.O orgulho não me trava, mas as circunstâncias, essas sim.A gente trata a vida como algo extremamente maleável e vai deixando certas coisas pra depois, e quando se dá conta... O depois já passou.Nós passamos uma na vida da outra (se é que amizade passa). Fomos nos acostumando a não compartilhar as novidades, a não contar os planos, a esquecer... E o que éramos ficou guardado... Docemente embalado pelo passado.E é por essas e outras, dia 17, que você é especial.'A amizade é um amor que nunca morre.'Mário Quintana

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Eu não quero ser a mulher da sua Vida

Não, eu não quero. E já deixo declarado o meu desinteresse por essa sua mania, e a mania de muitos, em me culpar por qualquer futuro errado que venha trair seus planos.

Eu não quero esse peso todo do título ideal porque me dá dores de coluna e a minha postura sofre com isso todos os dias. Não, eu não quero carregar o estigma da importância taxada no peito. Enquanto algumas mulheres diriam que isso as torna relevantes, e importantes, e valorizadas. Eu. Eu mesma. Eu digo que isso não faz a menor diferença pra mim ou pra você. Não, eu não quero ser a tal pessoa da sua vida. Esse papel eu deixo pra sua mãe. Parece que você, e o resto do mundo, esqueceram que se apaixonar é bem melhor quando vem sem cobranças.

E também parece que isso não é mais suficiente. Se não for pra ser da minha vida, nem precisa ficar. Vai embora. E vocês perdem tantas chances com essa ideia estúpida de que uma pessoa (e apenas essa única pessoa) tem lugar aí, no seu cantinho particular. É como se você tirasse da minha boca uma promessa que eu nunca fiz. E depois? Quem é que vai pagar a conta do analista pras suas expectativas frustradas?

Vai muito além de casamento, ou “pra sempre”, ou marca de aliança nos dedos. Só acho que esse cargo de chefia requer muita habilidade, responsabilidade e culpa. Sim, culpa.


É como talhar a ferro e fogo uma marca detalhada na pele de alguém, que fica pelo resto da vida. Que não se perde facilmente. Não se perde, pra dizer a verdade. Ser a tal pessoa da sua vida é pisar de salto agulha na sua projeção equivocada de mim. Você, decepcionado. Eu, decepcionada por decepcionar você. É responsabilidade demais e não é que eu seja imatura ou infantil.

Por mim basta que eu me apaixone e você se apaixone ou que tropecemos numa caminhada qualquer no parque e vá tomar um sorvete, ou que você me seja apresentado por aquela amiga e os olhares se cruzem.

Só que você quer sempre mais que isso. É mais do que qualquer um pode dar. Quando você não tiver mais nada para fazer, passa lá em casa. A gente junta as escovas de dente e isso não precisa significar nada demais. Eu sou uma dessas mulheres-folhetim do Chico, meu bem. Só digo sim.

O seu trabalho é me manter interessada e ser mais seu do que meu. Eu posso ser seu rito de passagem, mas nunca vou poder ser o seu título perfeito. A mulher da sua vida. Você correria o risco de ter seu crachá jogado no lixo, ou de desacreditar em segundos e terceiros amores.

Não, eu não quero deixar que você se perca comigo e não perca o fôlego com outras. Nem quero que você se atreva a chorar copiosamente e escancarar portas de bares por minha causa. Outras virão. Outros verões também.

E eu prefiro que você me identifique de outras formas e que me aproveite nas curvas, nas chuvas e nos momentos trôpegos do sexo. Se não quiser, eu te levo até o altar e te entrego de bandeja.

Eu posso usar as suas camisas todas e deixá-las com cheiro de suor e perfume amadeirado.

Eu posso até ser a sua amiga, quem sabe um dia sua namorada. Mas dispenso as credenciais.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Fórmula para entender o Amor.

O amor berrava no meu rádio e repetia “I Love You” sem economizar decibéis, como se essa expressão universal a todos fizesse um sonoro sentido, em qualquer língua e com qualquer nota. Eu ouvia, ouvia e não entendia nada. O amor estava presente no primeiro, no centésimo e, inevitavelmente, no último capítulo de cada novela, como se nenhum roteiro completo, nessa vida, pudesse ser escrito sem a presença desse ilustre personagem com faceta de coração. O amor sempre sentou na poltrona ao lado da minha e, incontido, soluçava nos mesmos romances que eu assistia sem entender o real motivo das lágrimas na hora do fim. O amor beijava desesperadamente sem preocupar-se com o filme projetado na telona, agarrava forte, sem importar-se com a Coca-Cola intocada e condenada a perder todo o gás enquanto as mãos sedentas, de outras pessoas, passavam longe do copo plástico. O amor não tinha tempo para o balde lotado de pipoca, estourava sempre em outros peitos e nunca havia pipocado no meu. O amor estava presente em tudo e em todos, nas paredes pichadas, nos quadros expostos, nos guardanapos dobrados e nas fotos iguais, tiradas aos pés da torre Eiffel. Eu até suspeitava que o amor existisse, mas eu ainda precisava conhecê-lo. Elas diziam que me amavam e eu respondia perguntando se ia chover. Evitava brechas em nossos papos, pois sabia que entre um carinho na mão e um beijo no pescoço, eu poderia deparar-me com uma declaração legítima de amor, com a qual certamente não saberia lidar. Não sabia o que era o tal do amor, mas mecanicamente entendia que meu silêncio poderia soar como uma pedrada na cara da mulher ansiosa por um: “eu também”. Procurava pelo amor em toda esquina, em cada passo e até no Google, mas descobri que o amor é um terremoto impossível de ser previsto. E, então, justamente, quando eu resolvi sair de casa, acabei esbarrando com o amor – na verdade, me cumprimentou e sorriu e, em poucos minutos de conversa fiada, meus olhos estavam pregados em seus olhos. Eu nem poderia imaginar que a partir dali viria a entender o real significado do “I Love You” que tanto ouvia nas ondas do rádio, sem precisar de tradutor ou intérprete. Definitivamente o amor é algo difícil de ser explicado, pois nasceu para ser sentido na pele e cravado como lança na parte mais nobre do coração. O amor é indescritível, é um invasor maravilhoso e impossível de ser barrado ou escolhido. O amor é a fusão imprevisível que não marca hora para acontecer, apenas vem, mistura e transforma tudo em reflexo dele, transpondo as barreiras do coração, consumindo nossa energia, matando a nossa fome e escondendo o nosso sono. Por isso, sinto-lhes dizer que, ao contrário do que diz o título desse texto, o amor nunca poderá ser entendido através dos livros e muito menos conseguirá ser ensinado nas escolas ou nos textos de alguém que, como eu, já até tentou descrevê-lo, mas desistiu quando percebeu a complexidade e os múltiplos desdobramentos dessa fogueira interna. Eu queria poder te dizer o que de fato é esse tal de amor, mas se ainda não foi atropelado por esse turbilhão embriagante, só me resta torcer para que um dia seja e, enfim, compreenda o gosto delicioso desse torpor único. E, não se preocupe, é impossível não notá-lo: ele chega como furacão sem pedir licença e executa seu milagre – nos permite reinventar a nossa forma de enxergar o mundo. E é aí que você finalmente entende: o amor é sempre muito mais do que dizem sobre ele.

domingo, 26 de agosto de 2012

Pasticceria Particolare

“Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante.” Caio F. Abreu Muita coisa pode ser doce, a vida, a criança, o açúcar. O açúcar com sabor agradável, a criança por apenas existir e o simples prazer de viver. É doce os pequenos prazeres da vida, como tomar banho de chuva, colher uma fruta, abraçar um filhote de cachorro, olhar velhas fotografias. Um pessoa torna-se doce com um gesto ou um singelo sorriso.Existem doces lembranças, dos tempos de criança ou milagres que a vida oferece. Doce é a nossa fé, a alegria, a esperança, doce é o verdadeiro amor. O sonho também pode ser doce, porque não tem limites, e os momentos inesquecíveis da vida são doces. Eu amo gente que faz da doçura um estilo de vida. Que se preocupa em ser atenciosa com os outros, em estender a mão, dar um abraço, um conselho, um carinho, uma ajuda. E às vezes é de tão pouquinho que precisamos, mas ninguém dá. Ninguém tem tempo, saco, paciência pra ser legal. Ninguém presta atenção. Ou se importa. É por isso que acredito muito na frase " Aqui se faz, aqui se paga". O que se fez de bom, volta. O que se fez com o coração aberto, volta. Assim como também voltam todas as ruindades, maldades e pragas rogadas. Eu acho a coisa mais linda desse mundo quando a gente encontra uma pessoa doce. Elas são como pequenos tesouros escondidos nos lugares mais difíceis de achar. Podem estar ao nosso lado, na nossa frente, e nem sempre conseguiremos enxergá-las. Porque é preciso ser doce para identificar as outras pessoas doces. Elas jamais serão rudes ou infames, jamais sentirão prazer em diminuir os outros, jamais deixarão de ajudar caso possam. Delas virão os maiores sorrisos, os melhores empurrões, as lágrimas mais verdadeiras e as palavras mais sábias. Com elas aprendemos o verdadeiro significado da palavra gentileza. Que seja doce. Que a vida seja doce. Que as pessoas sejam dóceis. E que até mesmo os dissabores que surgem pelo caminho sejam doces. O doce pode estar no paladar, quando degustamos delícias açucaradas ou no pensamento, quando estamos felizes. Se o cotidiano não oferecesse tantas amarguras, tudo seria simplesmente doce. Caso o açúcar que fica na prateleira da cozinha tenha acabado, não se preocupe. Como já disse Wilson Simonal - " eu era neném não tinha talco.. Mamãe passou açúcar em mim."

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Depois de tanto tempo.

Depois de tanto tempo, recebi suas ligações, e das outras também. Fiquei espantada, não nego, afinal não é comum um amor passado te ligar.

O maior segredo do amor não é por que amamos, mas por que deixamos de amar.

Nem procure recapitular o que bebeu na noite anterior. Não tomou nada. É a ressaca da sobriedade. Um imperioso repuxo da boca.

A descoberta é sutil como perder um prendedor de cabelo. Quase insignificante como um enjoo, um cansaço. A consciência surgiu por acaso, sua origem não é bem certa, de repente na hora de escovar os dentes ou ao regar as plantas ou ao atender o interfone. Não tem lógica. Saímos do centro de gravidade que nos tornava absolutamente dependente dos gestos e das atitudes do outro. Estamos livres para pensar sozinhos e, ao mesmo tempo, presos para sempre na incompreensão.

O desamor é tão fulminante quanto a atração, mas com consequências embaraçosas. Como abandonar a militância, a ideologia, e não ser visto como um traidor? Como narrar o que não tem enredo e reunir sentido em frases soltas e ensimesmadas?

Qualquer um vai se envergonhar de contar, trata-se de um sopro, não mais de uma voz. Não é algo para perguntar, está resolvido, fertilizado de impressões.

Por que é duro sair de casa sem um motivo. Duro encarar quem amamos tanto tempo sem oferecer nenhuma explicação adequada e convincente para o fim. Duro conversar sem mesmo entender como ocorreu a passagem de lado, de uma fidelidade extrema e desesperada à indiferença. Duro executar a tarefa, sabendo que alguém aguarda ansiosamente uma palavra para desaguar os traços, uma palavra onde possa colocar a culpa e amaldiçoar nosso nome. Esse alguém precisa da palavra que não temos, como um pai ou uma mãe do corpo desaparecido do filho.

Vive-se a tragédia de não ter uma tragédia para desencadear a briga. Não haverá uma causa específica para a distância. Fugiremos do contato visual, por não corresponder mais às expectativas.

Receberemos a fama de mentiroso, de fraco, de que estamos escondendo a verdade. Muitos forçam uma causa, para descontar o preço da loucura. Muitos revisam os últimos movimentos para justificar o término. Muitos mentem para não passar trabalho. Muitos tentam diminuir a injustiça inventando fatos.

O que aumenta a penumbra é que incrivelmente nunca mais encontraremos nosso par, apesar de viver na mesma cidade, frequentar o mesmo bairro, dividir gostos semelhantes. Nenhum esbarrão no mercado ou no banco. Os amigos em comum apagam as pistas. Não dá para compreender se mudamos os hábitos ou os hábitos não nos pertenciam mesmo e queríamos agradar pensando que eram nossos.

Minha amiga reviu seu ex num bar. Ele estava acuado com o imprevisto, cumprimentou nervoso ao invés de ajudar o rosto a sorrir. Ela foi ágil, venceu as cadeiras de ferro, as mesas truncadas, esforçou seu quadril para criar interesse e perguntou o que ele andava fazendo. Eu assisti ao enlace esperando o momento de ser apresentada.

Sondei o que passou pela cabeça de Juliana: aquele rapaz simpático, de cabelos compridos e óculos ingênuos, foi um dia seu melhor, que ela também foi um dia o melhor dele. Ela tinha que mostrar ternura e não ferir o Henrique de ciúme. Ele tinha que apresentar confiança e não se abalar com ele.

A emoção ficou represada ou talvez já houvesse secado. A questão é que não se falavam durante cinco anos. Idealizaram um reencontro que não aconteceu. Não existe justiça depois da separação.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Amor Platônico, vá se foder!

Aposto que você nunca se apaixonou platonicamente pelo mendigo maluco do seu bairro (daqueles que você mal vê a unha do pé de tão suja). Os amores platônicos tem sempre um alvo predileto: a pessoa fodona que você cruzou algumas vezes na vida e ficou babando que nem fã do Luan Santana. Conheço muita gente que vive se lamentando sobre não conseguir fazer a outra se apaixonar por ela. Ficam alimentando um amor platônico por muito tempo e se relacionamento com uma pessoa fantasma em sua imaginação. Normalmente elas miram aquela pessoa extremamente desejada por todos e que parece a mais bonita, interessante, inteligente, estável financeiramente e bem articulada no jeito de agir com os outros. Depois fica dias, semanas e meses numa masturbação emocional sem fim, vasculhando o Facebook, procurando o nome no Google, perguntando dele para qualquer contato direto ou indireto que o conheça. E pior ainda: tem gente louca que gosta de sentir isso preferencialmente por pessoas comprometidas ou artistas inacessíveis, tipo Cauã Raymond . Daquele tipo que fica se imaginando no lugar da Grazzi Massafera ou simplesmente odiando ela. É pedir para sofrer alimentar esperanças com alguém que não está na sua. Prato cheio para quem tem receio de encarar um relacionamento de verdade, olho no olho. Agora pense com calma. Repare que não pensou no mendigo amigo e sim no cara fodão por pura vaidade e desejo de ser lançada ao patamar dele. Esse é o começo mais perigoso para uma relação. Você já espera de mais e oferece de menos. Até se um milagre acontecesse você não ia segurar as pontas, pois sua base é frágil e a decepção seria certa, para os dois lados. Então, se você quer sair dessa armadilha emocional tem duas alternativas: Primeira, abaixe a bola e seja sensata. Quando nos apaixonamos por alguém sempre é por aquilo que ela acrescenta em nossa vida e os sonhos que ela pode realizar. Isso é tipicamente egocêntrico, portanto seria mais generoso você se perguntar: “o que eu tenho a oferecer para essa pessoa que eu acho tão maravilhosa?”. Se o fodão X desse bola para você, qual o impacto que teria no mundo dele? Você ia segurar a barra ou ia infernizar a vida do cara por se sentir inferior na relação? Você tem elementos pessoais que ficariam confortavelmente compatíveis com as expectativas altas que vê nele? Qual experiência de vida tem a compartilhar que seja realmente interessante dentro no mundo dele? Se você não sabe responder com convicção nenhuma dessas perguntas é um mau sinal. Sua vida precisa de cuidados. Talvez seria interessante olhar para o lado e ver aquele cara que está mais compatível ao seu mundo e com quem realmente possa trocar em pé de igualdade já que caiu na real que não é nenhuma perfeição. Mas se isso parece pouco para você resta a segunda alternativa. Tenha uma vida significativa a tal ponto que o surgimento de um amor ao seu lado seja consequência natural de estar se movimentando pelo mundo. Se quer viver uma experiência espetacular não adianta esperar sentada em frente ao computador lambendo o avatar do Facebook dele. O que faz uma pessoa se apaixonar por você é mais simples do que imagina. O amor começa e é realimentado na admiração. O que você faz de admirável aos seus olhos e que causa bem estar à sua volta? Se nem você gosta de olhar para sua vida e seu cotidiano, por que acha que outra pessoa seria obrigada a gostar? O fato de você se apaixonar por alguém é o único motivo pelo qual essa pessoa deveria retribuir o seu sentimento? É preciso parar um pouco de olhar para fora e voltar seu olhar para dentro. Invista em você, amplie seus horizontes. Isso vai custar algum tempo, esforço, dedicação, dinheiro, mas no resultado final, será uma pessoa mais realizada. A melhor maneira de incitar o amor de alguém por você é se tornar uma pessoa realmente INSPIRADORA – só assim poderá viver o prazer de um amor real, em vez de um de faz de conta. Afinal, Cartola mesmo já dizia: olhar, gostar, só de longe, não faz ninguém chegar perto.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Quando a gente esquece de esquecer..

Esse lance de ir com calma não é pra mim. Me atropelo sempre que tento impor limites ao meu querer.
Quando a gente conversa, me apaixono. E dane-se.
Tô aqui pra entregar o motivo...

Sempre estive disposta a encarar começos, meios e fins, perdoar, começar de novo e terminar de novo, tantas fossem as vezes necessárias...

Só pra ver se algum dia isso dava em alguma coisa diferente de dar em nada.

[Quase] Tudo que você desejasse eu faria. Embora não tenha feito.
Você não desejou? Ou simplesmente eu não fiz?

Na mesma hora que espero que você se perca em uma trilha e desapareça, quero que você me tenha de um jeito que ninguém mais consegue.

Nunca vou compreender porque você é tudo o que eu quero, mas isso acaba complicando as coisas, ao invés de resolver.

Acho que tenho medo de encarar que tudo isso não passa de nada. Coisa da imaginação, pra gente não parecer tão banal, ficar menos vazio, mais inteiro por amar alguém, ser correspondido e não dar certo. Assim a gente se sente parte do todo, afinal, o mundo tá cheio dessas histórias.

Nem sei se vale a pena insistir. Só não vale tirar da vida o que ela mais gosta de se gabar: seus mistérios.

Coração, apenas prometa que não vai mais prometer o que não puder cumprir. O resto dou um jeito de levar sozinha...

Finalmente tô enxergando que sou igual a todo mundo. É chato, mas acontece. Acabou a convicção de que fui predestinada à felicidade irrestrita.

Acho que no dia em que nasci, meu anjo disse: ‘Sorte pra você, menina. Que você seja louca por Nerds e sua pele continue linda, que tenha os amigos mais amorosos do mundo, que sua família seja um verdadeiro comercial de margarina... Mas você não terá sorte no amor, pra não ficar convencida’.

E aí encontrei você...

Sobre anjos e chocolates.

De vez em quando me pergunto que porra de época é essa, que não me faz feliz nem dá saudade do que já passou. Quero acordar cedo e degustar o dia, ou ficar na cama e esquecer que é segunda-feira. Só não vale levantar sem vontade, mecanizar a rotina e estocar insatisfação. Vou quebrar os relógios, fazer uma fogueira com os calendários. Açoitar agendas, mandar prender despertadores. Redações e relatórios, só a lápis. Por favor, assine as duas vias.Lembranças são arquivos e tenho descoberto nos meus um amontoado de material dispensável. O que você quer ser quando crescer? O que você vai ser quando sua vontade crescer e te engolir? Dei pra rabiscar coisas desconexas. Sintetizar frases, desenhar o indizível. Sou tanto que não sei descrever e escrevo pouco. Sou pouco e pra descrever, digo tanto. Romanceio até a lista da feira e do supermercado: arroz e feijão, café com pão, nó e noz. Simulo paixões, faço de conta, passo da conta. Passei da fase do ‘uni-duni-tê’, agora tiro par ou ímpar para escolher. Meu bem, vem ouvir minhas velhas novidades. Afaga meu cabelo, me olha nos olhos e me faz sentir aquele frio na barriga. Isso é possível até em noites de calor. Sonho com colo enquanto coleciono calos. Durmo de lado e no meio da noite fico em dúvida: pra que lado é o céu? Meu anjo da guarda abandonou o posto. Assumiu um estagiário que sonha ser Cupido. Caiu de gaiato na minha história, ficou zonzo com o enredo.'Arreda daqui, anjinho torto. Vou brincar com a sorte, me colocar num pêndulo entre ela e o azar. Avisem meu signo que acabo de anunciá-lo num leilão, site de vendas, americanas.com. Enquanto escrevo, minha música começa a tocar. Minha? Não, da menininha boba que deletei ontem a noite. Ei, produção, vamos pensar numa trilha sonora? Essa aí não dá, não! Quebrei seus óculos para que você não visse meus erros. Tentei apagá-los antes que te saltassem aos olhos. Mas eles foram rabiscados com caneta, grifados, sublinhados e destacados.Tudo bem, meu bem. Hoje acordei com tanta fé em mim que não preciso dos santos no altar.A rotina não está doce, mas chocolate amargo sempre foi meu favorito. Devorá-la sozinha me parece interessante, agora que fiquei de bem comigo. O que você quer ser quando você crescer? Completa.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Pequena biografia não autorizada.

Desembarcou nesse mundo numa noite de lua cheia. De outro jeito não podia ser. Era outono mas o vento soprava quente, e a sua mãe sentiu muita dor. Chegou como todo mundo, entregue à própria sorte e agarrada ao que pudesse tornar a existência menos vã: Deus, Santos, amores (verdadeiros ou não). Aprendeu desde cedo que a vida é escolha, que não existe escolha sem renúncia, que cada renúncia é uma lacuna, e que por tudo isso a única certeza é a ausência. Descobriu nas palavras seu consolo e seu martírio. Falava demais... De si, de seus medos, da alegria e das frustrações. E quem quer saber? Bastam os enigmas que correm no interior de cada um. Mas as palavras também eram o abraço confortante das horas difíceis: ler a fazia encontrar outras almas sozinhas. E se todos estão sós, estão unidos pela solidão. Escrever libertava, e viu que isso era bom. Levou uns tombos a medida que foi crescendo. Alguns machucaram os joelhos, outros o coração. Descontente, entendeu que amadurecer é aceitar. Procurou respostas e terminou multiplicando as perguntas. Se doou demais sem retorno, e outras vezes recebeu muito sem se doar. As brigas ganhas se perdiam pelo caminho, as perdidas eram recordações constantes. Algumas noites passou chorando feito criança sem colo. Algumas, passou brincando e sorrindo. O certo é que na grande maioria, sonhou e rezou pra evitar as perdas, porque a vida... Ah! Ela é tão maior que ganhar ou perder. Inventou amores procurando O amor. Executou trabalhos medíocres buscando O trabalho. Amargou tristezas pra achar a felicidade perpétua. E se você espera saber que ela viveu "feliz para sempre", sinto muito. Ela continua padecendo desse mau tão bom que é viver.

Mosaico

Aproveito as ausências pra matar as saudades de mim. Nem me lembrava do quanto posso ser doce, de como é gostoso acarinhar minhas carências e fazer minhas vontades. Acho até que o destino cansou de me contrariar. Ok, você sabe que não acredito em destino... Mas se acreditasse, escreveria um bilhetinho agradecendo a trégua dos últimos dias. ‘Senhor Destino, valeu o cessar fogo. Vamos poupar artilharia e promover a paz.’ Não que as coisas estejam em ritmo de final de novela. Ainda tem meia dúzia de personagens me incomodando e alguns arremates que preciso ajustar pra ficar satisfeita com o enredo. Meu cabelo podia ter mais corte, meus textos mais engajados e uma galera mais receptiva. Mas não tô reclamando, não. Ao contrário, ando flertando com as minhas qualidades e gostando mais de mim. A ansiedade continua aqui, só que mais comportada. Vira e mexe me cutuca e ameaça birra. Aí dou bronca e ela senta cabisbaixa, com as perninhas balançando no ar. Hoje de manhã acordei com o passado chutando a porta. Ameacei chorar. Pensei em voltar atrás, jogar pro alto a evolução e a placidez dos últimos dias. Corri pro espelho e ele me confidenciou que sou mais bonita sorrindo. Resolvido: sorri ao invés de berrar e escapei de ouvir ecos dos meus gritos. Viu? Ainda sei me virar sozinha, embora as vezes eu mesma vire do avesso como ninguém. Vai ver é esse o problema: não quero viver do avesso. Dei carinho, apoio e espaço. Mas vocês são exageradamente adeptos da calma. Corro o risco de receber sementes ao invés de flores. Quer saber? Me importo, mas não me inflamo. Toma, um sorriso pra vocês também. Tô muito mais preocupada comigo, em manter os bons ventos que a vida anda soprando. O que uns chamam de egoísmo, eu chamo de paz.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Guerra!

Meus sentimentos são itinerantes,
membros de um teatro mambembe cujo palco não tem refletores.

Às vezes me sinto assim, meio sem sal. Trezentas mil ideias mastigam meu raciocínio e nenhuma delas tem dentes afiados o bastante. Resultado: mordem, marcam e cospem.


Pensar demais dói. Faz a gente esquecer que a tecla dessensibilizar precisa ser acionada de vez em quando e aí fica essa sensação estranha, de que cérebro e coração vivem um casamento sem amor, dividindo o mesmo teto sem que tenham nada em comum.

Admiro aquelas pessoas que optam por um dos lados, escolhem a racionalidade fria ou a intensidade quente e não sentem falta do morno. Já eu, tento sem sucesso apartar as brigas constantes desses dois: cérebro e coração. Os danados vivem se digladiando e fazendo com que eu me equilibre em cima de um muro estreito.

Arranhões e escoriações são comuns.
Ah! Se um deles tomasse as rédeas. A culpa se dissiparia e eu poderia descansar em águas rasas. Chega de nadar na intensidade desequilibrada de uma mente hipersensível e hiperpensante.

Há quem herde olhos azuis, cabelos cacheados, uma pinta ou um desvio de coluna. Eu herdei essa coisa que se chama sentir demais... Sinto muito.

(es) crê (ver).

As pessoas vivem avisando que histórias devem ser escritas a lápis, mas sempre teimo. Gasto papel, tempo e tinta de caneta. Borro tudo. Amasso a folha, acumulo uma pilha de páginas que não deram certo. Quando pequena, tive uma daquelas cartilhas "Caminho Suave", aulas de caligrafia e uma professora que cobrava letra redondinha, parágrafo e travessão. Adoro ver a caneta dançando sobre o papel e quando escrevo a mão, sinto as palavras mais minhas. Meu único defeito é ignorar o lápis - exceto pra desenhar. Não senhor! Quero uma esferográfica vermelha para o título e outra preta para o corpo do texto. Se errar, rabisco um traço e começo tudo outra vez. Sem corretivo, que não admito meus escritos sob disfarce. Foi essa teimosia que rendeu tantas folhas arrancadas, tantas páginas na lixeira. Já escrevia sobre você, mas não conseguia me fazer entender. Como uma criança que confunde as letras e não entende porque sorriso não é com z. Às vezes quero te dizer milhares de coisas e ao mesmo tempo, não quero dizer nada. Posso começar contando do azulzinho do céu que vejo da minha janela todas as manhãs, passar pelo menino que cata latinhas na rua, comentar o que comi no café e terminar nas minhas insatisfações que não sei de onde vem e me incomodam feito etiqueta pinicando. Eu não quero dizer nada porque tenho ímpetos de te bater de vez em quando. Não literalmente, só aqui dentro. Bebo litros d’água durante o dia e me imagino em noitadas boêmias, enchendo a cara de álcool e te afogando bem aqui dentro. Você nadando apressadamente, desesperado, o álcool subindo e aqui dentro tudo sucumbindo enquanto gargalho com o copo na mão: Eu vou te matar! Às vezes quero te dizer que odeio o que a sua falta me causa e acabo optando por não dizer nada, porque você vai rir ou desdenhar, sem entender como pode doer tanto uma saudade de apenas dois dias. Eu não quero dizer nada porque tenho vontade de rasgar todas as suas memórias e depois jogá-las pela janela. Tenho vontade de me atirar também. Não literalmente, só atirar do oitavo andar a bobinha que ri sozinha quando é surpreendida pelas suas lembranças. Ela caindo e eu assistindo de camarote, satisfeita: Cai, tolinha! Eu quero te dizer um milhão de coisas que você ainda não sabe – ou talvez saiba, mas não sob a minha ótica. E é tanto querer, é tanto a dizer, é tanto, tanto, tanto... Que eu fico assim, desesperada, com mil pássaros batendo as asas dentro da minha barriga e cem aranhas tecendo teias na minha cabeça. Eu nunca senti isso antes e essa porra de sentimento descomunal oscila mais que a minha fé na humanidade. Fé cega, lâmina pra lá de afiada. No fim das contas, não te afogo e tampouco me atiro pela janela. Senta aqui. Às vezes quero te dizer milhares de coisas... Acertei a mão quando te encontrei. Escrevi histórias em letras graúdas e você grifou as palavras chave, ilustrando os trechos principais. Com você não dá para apagar, muito menos jogar fora. Com você deu certo (e eu nem precisei passar a limpo).

Redes Socias

Carta mais ou menos aberta aos usuários das Redes Sociais. Deus disse "Faça-se a internet!". E a internet foi feita. E deus viu que isso era bom. O que ele não podia prever é que nós foderíamos tudo. Dá-lhe postar foto dos pés, dos pratos, da porra do cachorro e do papagaio (Sou dessas. Curtam!). Dá-lhe tecer uma carapuça aqui, dar uma stalkeadinha ali. Ah! Que mal tem? Dá-lhe cagar regra na porra toda e mandar indireta para fulano, que será pescada por beltrano e chocará sicrano. Deus disse "Faça-se a internet!" e simultaneamente, veio a Sodoma do Facebook e a Gomorra do Twitter. Vai, deus! Destrói e começa tudo de novo, que a gente não entendeu nada e tá T U D O E R R A D O . COM . BR A gente cria uma conta com todo amor e carinho, escolhe avatar (Valeu, Photoshop!), seleciona amigos e para quê? Para quê, minha gente? Para disputar mãozinhas com dedinhos para cima e/ou seguidores. E porque eu quero seguidores? Para ter mais seguidores. Por quê? Para ter mais seguidores. Por... (perguntas eternas.) Ai, mas Redes Sociais são bacaninhas, eu falo com meus amigos e... Cala a boca! Se fossem amigos de verdade, você usaria a porra da rede para marcar o ponto de encontro do final de semana, não para mandar recadinhos com corações. E antes que Noé construa uma arca e selecione um perfil de casal por Rede Social, vale ponderar: Noé, poupe-se! Construa apenas uma canoa e leve consigo os poucos com bom senso. (Eu, por exemplo, tô fora!) Além de tudo que apontei, as Redes Sociais acabaram com o direito da gente opinar. Não gosta da banda x? Ah! Vá se foder, vadia! Não curte o autor y? Palhaço, só fala mal porque não sabe fazer melhor! Ousou mencionar que a atriz z engordou? Se enxerga, garota! Você usa 42! Não dá mais para expressar opinião sem ofender alguém. Em tempos de Redes Sociais, as pessoas sempre levam para o lado pessoal. Tolinhos! É isso, cara. Aproveita a profecia Maia, Grega, Tupiniquim ou sei lá o que e dá um jeito nisso! PS: Wagner Moura, obrigada pela inspiração. Odiei você nos vocais! PS 2: Curtam esse texto ou ficarei CHATIADÍSSIMA, com i de ironia. PS 3: Quem discordar, é porque é recalcado!