terça-feira, 21 de agosto de 2012

Pequena biografia não autorizada.

Desembarcou nesse mundo numa noite de lua cheia. De outro jeito não podia ser. Era outono mas o vento soprava quente, e a sua mãe sentiu muita dor. Chegou como todo mundo, entregue à própria sorte e agarrada ao que pudesse tornar a existência menos vã: Deus, Santos, amores (verdadeiros ou não). Aprendeu desde cedo que a vida é escolha, que não existe escolha sem renúncia, que cada renúncia é uma lacuna, e que por tudo isso a única certeza é a ausência. Descobriu nas palavras seu consolo e seu martírio. Falava demais... De si, de seus medos, da alegria e das frustrações. E quem quer saber? Bastam os enigmas que correm no interior de cada um. Mas as palavras também eram o abraço confortante das horas difíceis: ler a fazia encontrar outras almas sozinhas. E se todos estão sós, estão unidos pela solidão. Escrever libertava, e viu que isso era bom. Levou uns tombos a medida que foi crescendo. Alguns machucaram os joelhos, outros o coração. Descontente, entendeu que amadurecer é aceitar. Procurou respostas e terminou multiplicando as perguntas. Se doou demais sem retorno, e outras vezes recebeu muito sem se doar. As brigas ganhas se perdiam pelo caminho, as perdidas eram recordações constantes. Algumas noites passou chorando feito criança sem colo. Algumas, passou brincando e sorrindo. O certo é que na grande maioria, sonhou e rezou pra evitar as perdas, porque a vida... Ah! Ela é tão maior que ganhar ou perder. Inventou amores procurando O amor. Executou trabalhos medíocres buscando O trabalho. Amargou tristezas pra achar a felicidade perpétua. E se você espera saber que ela viveu "feliz para sempre", sinto muito. Ela continua padecendo desse mau tão bom que é viver.

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