segunda-feira, 21 de maio de 2012

O poder atômico das sutilezas.

Dezenove de Maio. Gastei todo meu tempo tentando escolher o modo mais adequado de aparecer com essa surpresa, aquele milésimo de segundo e o momento mais sofisticado. Passei minutos pensando se aquele embrulho combinaria com o quarto dela e se um laçarote não faria de mim a pessoa mais brega do mundo. Já a caminho, lembrei que havia esquecido de comprar um cartão, então percebi que não havia de ter um cartão, pois haveria lembrança. A esperei na porta e rapidamente ela chegou, como se ela tivesse adivinhado que eu estava naquela porta. Além de linda ela estava visivelmente ansiosa. Sorri como aprendi nos filmes e em meio a tanto chichê das comédias românticas fiz a mágica de ficar meio quieta. Ela sorriu, pediu pra que eu ficasse perto dela. Sim, ela me deixou de lado e deu de cara com o atendente. Realizou o pedido e me aguardou. Pedi que ela fosse se sentar enquanto eu esperava o meu pedido, e pensava sobre aquele momento . Percebi algo imenso, que mudaria a minha vida dali em diante: Sutilezas têm um poder devastador. Finalmente enxerguei a linha tênue e quase invisível que separa os simples presentes das grandes surpresas. Vi nos olhos decepcionados dela o que todas as mulheres querem e, por incrível que pareça, não são apenas flores, chocolates, jantares e nem mesmo cartões. As mulheres esperam atitudes que demonstram que nós as entendemos melhor do que elas próprias são capazes. Isso pode parecer assustador, mas mesmo que não venham com manual de instruções, as mulheres querem ser inteiramente lidas, aprendidas e, então, percebidas como peças únicas em toda galáxia. Sim, pode parecer excesso de detalhismo, mas comecem a enxergar de verdade a mulher que está ao teu lado. Não abram apenas portas de carros, mas também os olhos e ouvidos para todos os detalhes e demonstrações feitas por elas. Liguem-se nos pequenos comentários, nas mínimas peculiaridades que as tornam única em meio a tantas outras e com isso, serão pessoas únicas também. As surpresas mais ricas não são feitas com anéis de brilhante tirados de cartolas mágicas, ou de caminhões lotados com rosas colombianas. Surpreender uma mulher é dar-lhe algo, seja uma palavra, experiência, carinho ou aé mesmo um presente, que demonstre o quanto você prestou atenção nela, o quanto você fez questão de entendê-la mesmo quando ela não soube como fazê-lo. Os presentes mais grandiosos cabem numa caixinha de fósforo, podem até ser feitos com tinta de caneta Bic, mas com certeza não servem tão bem para nenhuma outra mulher, pois precisam ser esculpidos e lapidados somente pra sua, ou pra aquela a quem quer encantar. Surpreender de verdade é: Entregar-lhe um bombom não apenas para matar-lhe o constante já redundante desejo chocólatra, mas para mostrar que, pelas pernas que não paravam de balançar, você percebeu que ela estava ansiosa por alguma coisa. Aprender a fazer brigadeiro para impressioná-la em plena terça-feira, mesmo que ela só tenha dito uma vez na vida o quanto ela ama comer esse quitute. Dar-lhe uma tênis novo, mas não apenas por saber que todas as mulheres atléticas do mundo amam tênis, mas por ter prestado atenção em cada reclamação dela, dizendo o quanto ela odeia a dor que sente nos pés toda vez que é obrigada a usar outro pisante que não seja tênis. Comprar um cartão inteirinho em branco somente para preenchê-lo com palavras que podem não significar nada para o resto da humanidade, mas que para ela e somente pra ela, resumem tudo. Ao fazer dela o material de estudo mais interessante que existe, você não tirará somente as melhores notas, mas conquistará também o poder estremecedor de transformar simples atitudes em memórias eternas. Obs: Se você é uma mulher interesseira, desconsidere o texto acima.

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