sexta-feira, 4 de maio de 2012

Porra, é o final!

Ciúme não é ex. Saudade não é ex, tampouco amor. Mas a vida da qual abrimos mão por um sonho (ou por um erro) é passado. E de escolhas e de perdas são feitas a nossa história. Não há nada que se possa fazer a não ser carregar por um tempo um peso sufocante de impotência: eu escolhi que aquele fosse o último abraço. Agora é outra que se perde em ombros tão largos, tomara que ela não se perca tanto ao ponto de um dia não enxergar o quanto aquele abraço é o lado bom da vida. Da vida que te desemprega mesmo depois de tantas noites em claro e de tantas pizzas indigestas. Da vida que te abre uma porta que você jura ser a certa mas quando resolve entrar descobre duas crianças brincando na sala e uma mulher esperando no quarto. Da vida que me confunde tanto que eu quero se afastar de tudo para entendê-la de fora. Da vida que te humilha tanto que você quer se ajoelhar numa igreja. Da vida que te emociona tanto que você não quer pensar. Da vida que te engana. Aquele abraço era o lado bom da vida, mas para valorizá-la eu precisava viver. Não adianta eu querer ter controle das minhas emoções minímas que sejam. E que irônico: pra viver eu precisava perdê- la. Se fosse uma comédia-romântica-americana, a gente se encontraria daqui a um tempo e eu diria a ela, que mesmo depois de ter conhecido pessoas que não gritavam quando eu acendia a luz do quarto, não amavam os amigos acima de, não espirravam de uma maneira a deixar um fio de meleca pendurado no nariz, não usavam a roupa de baixo rosa, não cantavam tão mal e tampouco cismavam de imitar os cantores de MPB, não tinham a mania de aumentar o rádio quando eu estava falando, não ligavam se eu confundisse italiano com espanhol e argentino, nomes de capitais, movimentos artísticos, datas de revoluções e nomes de queijo, era ela que eu amava, era ela que eu queria. Me recordei rapidamente de todas as pessoas e coisas que perdi por ainda não estar preparada para elas, ou por ainda ter muita curiosidade de mundo e dificuldade em ser permanente. Recordei de amigos e parentes distantes, aqueles que eu sempre deixo pra depois porque moram muito longe ou acabaram se tornando pessoas muito diferentes de mim, sempre penso “mês que vem faço contato com eles”. E se não tiver mês que vem? Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente.Sou isso hoje.Amanhã, já me reinvento. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim. Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar. Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil e mesmo não parecendo, de choro também! Acredito que história escrita a lápis, lápis-borracha para tudo ser mais prático. Escrita de qualquer jeito, torta, em linhas invisíveis. Com um início duvidoso, de perder o fôlego, mas com um eterno três pontinhos num final que nem existe. Os três pontinhos são o que matam, ponto final seria a dureza clara e o fim da história, três pontinhos são o que matam. Quando as coisas acontecem naturalmente, involuntariamente, os pequenos momentos, principalmente esses, acabam se tornando os principais. Não, eu não quero ser medíocre, não. Deus não me deu esse estômago enjoado, essa alergia encantada de vida e esse coração disparado à toa. Eu devo ser especial, eu devo ter algum talento. Não, eu não quero ser medíocre, não eu não quero desistir, não quero optar pelo caminho mais fácil, não quero que a energia negativa me enterre.Faltava um cansaço de prazer que me desse preguiça de olhar para outras pessoas. Eu não sei se ela existe, da mesma forma que eu não sei se um dia serei uma grande redatora. Só sei que estou preparada para quebrar a minha cara, porque eu posso ser louca, boba e infantil, mas eu não sou medíocre. Maluca? Nas raras vezes que sou séria, me sinto tão maluca, que devo ser sempre maluca. Quem em cada pouco põe tudo que é merece ser feliz. E muito. Desculpem o trocadilho infame, mas a vida é feita de altos e baixos. Altas, fortes, morenas, sensuais, possíveis e aquele baixinha, meio esquisita, que não sai da cabeça. E nada melhor do que as lacunas da improbabilidade para esquentar uma possível paixão. Nessas lacunas você tem espaço para criar a história como quiser, ganha poder, inventa. Ela é minha, minha personagem. Olha, faça um favor para mim, antes de tremer as pernas pelo inconquistável e apagar as luzes do mundo por um único brilho falso, olhe dentro de você e pergunte: estupidez, masoquismo ou medo de viver a real verdade? Intenções soltas e desejos desconexos. Esse mistério todo é uma violência contra a minha inteligência. Sejamos diretos para não sermos idiotas. Você quer ele? Não sabe? Ah, então vá pra puta que te pariu. (E vá ser vago na casa da sua mãe porque embaixo da sua manga eu não fico mais!) Seja inteligente, faça jus à espécie, seja Sapiens. Perceba o sinal verde, ultrapasse. Eu não sou morna e, se você não quiser se queimar, morra na temperatura do vômito. E bem longe de mim. Eu queria muito. Queria as três da manhã de um sábado e não as seis da tarde de uma quarta. Iriamos viver uma história de verdade ou vou teria que te mandar pastar com outras vaquinhas? A sorte é sua e eu quero agora, ontem, semana passada. Amanhã não sei mais das minhas prioridades: posso querer dormir com pijama de criança até meio-dia, pagar 500 reais numa bolsa amarela, comer bicho-de-pé no Amor aos Pedaços ou quem sabe meter o pé na Jaca na balada. É assim que vivo, masturbando minha mente de sonhos para tentar sugar alguma realização. É assim que vivo: me fodendo. Calma, raciocínio e estratégia são dons de sentimentos relacionados ao amor que são pára racionalizar. Amor que é amor não pára, não tem intervalo, atropela. Minha fome é sobrevivência, minha vontade é mecânica, minha beleza é esforço, meu brilho é choro, meus dias são pontes para os dias de verdade que virão quando essa dor acabar, meus segundos são sentidos em milésimos de segundos, o tempo simplesmente não passa.

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