sábado, 19 de fevereiro de 2011

Sensations!

Caraaaaa, pra quem não vinha aqui a muito tempo, acho que eu to "batendo o cartão". Vamos dizer que esse ano já meti o pé na Jaca não sei quantas vezes, e quanta besteira aconteceu. Talvez, por esse motivo, estou aqui quase todos os dias.

Ontem, pela primeira vez na minha vida, eu vi que uma música se encaixou perfeitamente com o ocasião. Não sei se você já ouviu, ou leu a letra de Kt Tunstall, "Other side of the World", que diz exatamente: " Você está perto o bastante pra ver que você é o outro lado do mundo pra mim" Foi o encaixe perfeito no momento.

É engraçado quando a gente tem alguém nos nossos braços, aos nossos cuidados, e mesmo assim a gente consegue sentir essa pessoa longe da gente, ou de tudo que você imaginou. Mas, ninguém falou que não poderia ser do seu jeito né?

O amor cria momentos em que temos a sensação de que a "máquina do mundo" ou a máquina da vida se explica, em que tudo parece parar num arrepio, como uma lembrança remota. Como disse Artaud, o louco, sobre a arte (ou o amor) : "A arte não é a imitação da vida. A vida é que é a imitação de algo transcendental com que a arte nos põe em contato." E a arte não é a linguagem do amor? E não falo aqui dos grandes momentos de paixão, dos grandes orgasmos, dos grande beijos - eles podem ser enganosos.


Falo de brevíssimos instantes de felicidade sem motivo, de um mistério que subitamente parece revelado. Há, nesse amor, uma clara geometria entre o sentimento e a paisagem, como na poesia de Francis Ponge, quando o cabelo da amada se liga aos pinheiros da floresta ou quando o seu brilho ruivo se une com o sol entre os ramos das árvores ou entre as tranças da mulher amada e tudo parece decifrado. Mas, não se decifra nunca, como a poesia. Como disse alguém: a poesia é um desejo de retorno a uma língua primitiva. O amor também. Melhor dizendo: o amor é essa tentativa de atingir o impossível, se bem que o "impossível" é indesejado hoje em dia; só queremos o controlado, o lógico. O amor anda transgênico, geneticamente modificado, fast love.

Se pudessímos escolher por quem nós apaixonar, quando e onde encontrar essa pessoa, ou em que momento da vida isso deveria acontecer, doce ilusão. A única escolha que temos é se devemos ou não arriscar a esse sentimento tão misterioso que é o amor. Descobrir de vale a pena ou não sofrer por aquela pessoa, ou se vale compartilhar cada momento da sua vida com ela.

Sempre fui uma antiga que vai adiante. È, sempre quis encontrar alguém que eu realizasse planos para o resto da minha vida, afinal, esperamos do amor essa sensação de eternidade. Queremos nos enganar e achar que haverá juventude para sempre, queremos que haja sentido para a vida, que o mistério da "falha" humana se revele, queremos esquecer, melhor, queremos "não-saber" que vamos morrer, como só os animais não sabem.

O amor não é da ordem do céu, do espírito. O amor é uma demanda da terra, é o profundo desejo de vivermos sem linguagem, sem fala, como os animais em sua paz absoluta. Queremos atingir esse "absoluto", que está na calma felicidade dos animais.

Então é assim que descobrimos realmente o complemento dentro de nós. A pessoa amada não tornam vocês em um só, mas sim, em uma soma. Permita-se a descobrir realmente o que te faz sorrir, e assim, esse "absoluto" aparecerá na hora certa pra você, ou te pegará de surpresa, que diga-se de passagem, é muito melhor.


Now Playing: Tudo que há de bom - Luiza Possi

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