quarta-feira, 4 de junho de 2014

Partiu

Minha bagagem emocional é pesada pra caralho. Não que a sua não seja. O ponto é que cada um carrega aquilo que pode e eu só recebi um saco plástico, desses de supermercado. Mal chego até a esquina e a porcaria do saco fura, rasga, me deixa na mão. Cai tudo e ninguém me ajuda a catar. Todo mundo olha, com tom de reprovação, mas ninguém ajuda. Enquanto as pessoas desfilam por aí com malas de rodinha e bolsas Louis Vuitton, eu arrasto sacos plásticos negros que não aguentam nada. Sempre sabem o que levo pra cá e pra lá. Os sacos transparentes e rasgados denunciam minhas escolhas. Sou uma pessoa bacana que paga as próprias contas, visita a avó 5 vezes na semana e de vez em quando colabora com alguma ONG, mas a bagagem emocional exposta e pesada atrapalha, limita, condena. Já li Clarice Lispector, gosto de Caetano e Chico e nunca, nunca saio de casa de Crocs. De nada vale quando percebem que junto comigo há uma bagagem emocional maior que eu mesma. Não sonho com bolsas de marca ou malas de rodinha. O que eu queria, o que eu realmente queria, era alguém com quem pudesse dividir esse peso todo bem longe daqui.

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