terça-feira, 23 de outubro de 2012

Romantismo saiu de cartaz?

Que saudade eu tenho do meu romantismo tonto, protagonista de novela das seis. De quando a noite de domingo se apresentava e eu sempre pensava que podia assistir a algum filme delicado e feliz, que fechasse o meu dia com aquela leveza gostosa que as coisas simpáticas trazem. Corria para locadora de vídeos do bairro, implorando para acertar a escolha. Desejava aquele momento utópico dos filmes românticos em que você encontra alguém depois da prateleira, sugerido entre os filmes, como naquele remake de Romeu e Julieta, com o Leonardo DiCaprio, quando eles se veem através de um aquário cheio de peixes. A cena encanta, por isso quando mirei, em uma noite, um cara depois de um cardume de gente, para lá e para cá, e ele me observava de volta, pensei que pudéssemos virar história para ser contada.

Ao menos, na fantasia acontecemos.

Eu voltava para casa com um romance só no DVD. Me recolhia no sofá e a noite passava solitária e clichê, porque no dia seguinte os mocinhos respondiam outras falas. Chato demais não poder controlar o outro, improvisar em cima de frases e conflitos que você não pediu. A expectativa mutila a realidade. Era como ter as novas versões do seu roteiro redigidas por pessoas indiferentes.

Eu pensava em desencontros como a pimenta de toda história e que os créditos finais apareceriam anunciando mais um fim sorridente. Acreditei tanto nisso, que por anos esperei o final de uma história que nunca se encerrou. Em vez de tranquilidade, só ganhei ressaca. Tive eu mesma de gritar “corta” e mudar de sala. Você precisa aceitar que, em alguns filmes, jamais vai ser a mocinha.

A vida está mais para um texto descontínuo, abarrotado de buracos. A vida se esforça o tempo todo para te mostrar que amor é algo que você desenhou. É difícil encostar esse personagem no canto e subir para tomar ar empedrado, a única maneira de respirar. É impossível não reprimir na cabeça a possibilidade de um final feliz, ao olhar para um abraço nas poltronas da frente no cinema.

Hoje, o amor já nasce duro e só quem improvisa é capaz de suportar as suas consequências.

Nenhum comentário:

Postar um comentário