domingo, 6 de outubro de 2013

Do nada ao tudo

Um beijo na Augusta, te peço pra ficar de novo com sua blusa, você quer usá-la um tempo porque ela passou muito tempo comigo. Tudo bem. Outro beijo na Augusta. Você tira a blusa e põe em mim. Sussurra boa noite, tá? Digo boa noite. Observo você se afastar ao pé da escada. Senti meu coração bater forte nessa hora. É tão bonito sentir o que eu sinto por você e faz tanto tempo que ninguém me faz sentir assim. Todas as coisas bonitas que você já disse, os momentos bonitos de nós. Eu disse que não queria me apaixonar por você, você também não. Não era hora. Mas tem hora? Me dá um medo. Você pergunta que foi, tá apaixonada? Eu digo não. E você? Um pouco. Um pouco quanto? Do seu tamanho, assim.
Do meu tamanho é bastante. Eu disse que não mas é claro que sim. Mas é pouco. Não falava pra não te preocupar. Do tamanho dos silêncios entre os nossos beijos, do tamanho do momento em que a gente para e só sente a respiração um do outro pertinho. Mas é enorme esse momento, eu sei. Você fez tudo ficar tão bonito. Me dá um medo. Um medo enorme de tudo que pode vir a ser, a sentir, ou a não ser. Medo de gostar de você demais. Medo de te amar demais. Eu fiquei com os olhos marejados ontem às quatro da manhã na janela do meu quarto porque eu tenho medo de querer ser algo que eu não posso ser pra você. Marejei porque ainda é tudo muito estranho e confuso. Marejei um pouquinho de inveja de quem já foi muito importante na sua vida. De quem ficou do seu lado um tempão, de quem tava na sua casa quando você ligou só pra dizer mãe, não tenho muito tempo mas só liguei pra dizer que tô bem e que amo vocês. De quem te viu vencer. De quem te viu sem máscara, te viu por inteira, te viu sem roupa. Tenho medo de nunca chegar nesse lugar porque eu quero tanto. Eu quero muito. E é ruim admitir isso assim “eu quero muito”. A cada segundo eu te gosto tanto. Quando você conta as histórias de menininha eu te gosto tanto e te acho tão linda. E vendo a maneira como você é amiga dos teus amigos eu te gosto tanto e gosto tanto deles. É como se eu tivesse deixado as minhas malas do lado de fora da nossa casa pra vestir tudo novo, mas não sei se você pode fazer o mesmo. Tenho medo de ser a coisa certa na hora errada. Você gosta da minha confiança mas eu tenho tanto medo, droga. Eu olho pra pouco tempo atrás e ainda é tudo muito louco. A gente é o certo um pro outro mas acho que fez tudo errado. Eu acho que te quero demais. Talvez eu goste de você mais que eu mesma saiba, pensei hoje quando percebi que o meu corpo tá quase sempre bem juntinho do seu quando você tá do meu lado. Te digo que se morresse na montanha russa ia aparecer na sua vida como naquele filme, Ghost, porque a gente tinha que se conhecer de qualquer jeito. Não sei como vão ser as coisas daqui pra frente. Tenho medo de abrir os olhos e descobrir que você não é nada que eu pensei e de repente as coisas pararem de fazer sentido de novo. Eu gosto da gente junto e me dá saudade antes mesmo de você voltar pra casa. Eu te pergunto como é que você faz isso, hein? Você diz o que? E eu, isso, me faz sentir tudo isso por você. Você faz piada. Você sempre faz piada. Você é uma idiota. Uma idiota, eu te digo. Você é só isso, idiota. Você é idiota e eu quero que você fique aqui pra sempre. Dorme aqui, ó, o trânsito tá complicado mesmo. Fala com meu pai. Não se preocupa, ele vai ser gentil. Chama assim. Aperta forte a mão dele. Aperta forte a minha. Não solta. Deixa seu cheiro pelo meu corpo. Deixa um pouco de você aqui. Amanhã você volta. De novo. Pra mim.

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