terça-feira, 29 de julho de 2014

Eu não precisava de você

Não precisava te acordar ou ser acordada todos os dias com uma SMS ou Whatsapp para que saibas o que eu amo, o que eu amava, o que amarei ou o que deixei de amar em você. Não precisava colocar uma bandeja em cima do seu colo com seus quitutes favoritos enquanto te dou um beijinho na testa e saio para trabalhar. Não precisava deixar um bilhete na geladeira com um “Eu Te Amo” escrito com caneta Bic vermelha, preso com um imã de joaninha feito de biscuit, eu simplesmente não precisava. Não precisava te ligar na hora do meu almoço pra falar que comi salmão e finalmente aprendi a usar o hashi, e nem que quase fui atropelada porque atravessei com o farol verde aberto. Eu também não precisava te mandar e-mails todos os dias perguntando o que você faria no final do dia, pois sabia que em todos os finais de dia estava nos seus planos me encontrar. Não precisava perguntar se queria ir ao cinema ver uma nova comédia romântica super clichê ou um desenho animado, a qual não prestaremos atenção no enredo, pois estaríamos preocupadas em falar como o filme é muito bom ou muito tedioso. Não precisava te ligar nos finais de semana para saber se você estava com saudades, pois eu sabia que estava (já que eu também estava), e morria de ansiedade roendo todas as minhas unhas enquanto aguardava uma ligação sua, a mesma que eu acabava fazendo, pois nunca soube esperar. Não precisava perguntar se queria ir comigo trocar uma roupa no shopping, pois mesmo cansada de me ver trocar tudo o que compro e fazer uma cara emburrada, sei que você fica feliz enquanto ficava provando roupas na sua frente. Não precisava pedir para dormir de conchinha comigo, pois antes d’eu pensar na hipótese, você já deixou a cama arrumada para que caibamos nós duas. Não precisava combinar de irmos ao parque num domingo ensolarado para tirarmos fotos rolando na grama, pois você sempre aparecia com o celular quando o dia mal amanheceu. Não precisava de filmes em noites chuvosas com pipoca e edredom, nem que você cuidasse de mim quando estou com a sinusite atacada ou a enxaqueca não quer passar. Não precisava de passeios com balões coloridos, sorvetes de vários sabores, balas de goma ou jujubas. Não precisava mesmo. Não precisava de nada disso. Não precisava. Eu não precisava escrever um texto bonito para que você saiba o que eu sinto, muito menos gritar aos quatro ventos o que eu nunca deixei de sentir. Eu preciso apenas de uma coisa: não ter você, pois só assim saberei do que preciso.

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