quarta-feira, 20 de junho de 2012

O que é ser Corinthiano?

O que é ser corinthiano? Eis uma resposta inexplicável. Eis um sentimento indecifrável. Alguns dizem que é um estado de espírito. Outros afirmam que ser corinthiano é ser maloqueiro e sofredor, graças a deus. Já Toquinho preferiu o argumento de que ser corinthiano é ser um pouco mais brasileiro. É, pode ser. Mas confesso que de um mês para cá passei a ter orgulho de meu avô, Edmar, e meu pai, Ronaldo. Agradeço aos dois por me oferecerem essa oportunidade, aliás, me obrigarem a ser corinthiana. Sim, ninguém entende. Ninguém entende como colocamos 70 mil pessoas no Macaranã naquele 5 de dezembro de 1976. Não dá para entender como caímos naquele 2 de dezembro de 2007, e, mesmo assim, a paixão só aumentou. É difícil entender um jejum de 23 anos sem títulos e um corinthianismo ainda maior. Ah, Corinthians!! Sim, eu nasci corinthiana. E, como diz a música, já virou obsessão. É gostoso demais. Aconteça o que aconteça, bato pé e não abro mão. Não existe uma explicação para tornar-se Corinthiano. Acredito na doutrina espírita que diz sobre evolução do espírito, de encarnação para encarnação. Deve ser isso, uma alma nunca regride, sempre evoluí. Depois de passar por várias vidas, todos se tornam Corinthianos. Um espírito pode evoluir em vida, corrigir erros do passado. O Corinthians é isso. Ou seja, não se define. Apenas se reflete no coração de cada corinthiano. No grito do torcedor. No choro, na lágrima e na alegria. Corinthians não é vitória, nem derrota. É Corinthians. Somos um bando de loucos? Talvez. Fiel? Isso é pleonasmo. Corinthiano fanático também é pleonasmo. O Corinthians é assim: ou se ama, ou se odeia. Ele sempre desperta nas pessoas algum sentimento. Incomoda. Entra cutucando. Machucando. Deixando feridas que não cicatrizam. É por isso que tem tanto anti-Corinthiano. É fácil reconhecer um anti-Corinthiano. Sempre cabisbaixo, olhar triste, rancoroso e magoado, é o tipo mais invejoso que existe. Odeia a felicidade alheia. E, como todo Corinthiano é muito feliz, ele é anti. É muito mais fácil reconhecer um Corinthiano. Apaixonado, obstinado, esbanja alegria por onde passa. Capaz de qualquer coisa por aquilo que acredita. "Na vitória ou na derrota eu grito forte: Corinthiano eu serei até a morte." Ser Corinthiano é mais do que isso. É roer unhas, dedos e cotovelos quando o Timão joga, mesmo que esteja ganhando de 10 a zero. É vibrar cada segundo, aplaudir cada jogada, enfrentar horas de chuva, de frio e de calor, para ver o Corinthians jogar na quarta-feira à noite, em Xiririca da Serra, contra o XV de Piri-Piri. É mentir para o patrão, "matar" mãe, avó e tia toda semana para não perder o emprego. Deixar de entregar trabalho na faculdade e não ser reconhecido pela professora de quarta-feira porque você só assistiu a uma aula dela durante todo ano para ver o Timão jogar. Ficar de castigo sábado à noite, porque mentiu para mãe dizendo que ia bater uma bolinha com os amigos e embarcou com os Gaviões para o Couto Pereira. Juntar cada centavo para comprar a nova camisa que chega a custar caro pra caramba. É reconhecer que é sofredor. Todo Corinthiano é sofredor sim, porque a gente sente na pele, como uma faca entrando no peito e rasgando o coração, cada jogada errada, cada passe mal dado, cada bola fora do gol, cada gol tomado, cada cartão amarelo, vermelho, derrota, escanteio, lateral, falta. Por cada jogador bom que é vendido, ou aquele que não dá certo, que não joga nada, que só quer dinheiro. A gente sofre com os mercenários que vem e que vão, cartolas, preço de ingresso, tabela mal-feita, adversários fracos. Tudo isso maltrata o Corinthiano porque nós amamos o futebol. Torcer para o Corinthians é como um casamento para vida toda. É dormir e acordar pensando nele, é contar da má fase para os amigos e da boa fase para os inimigos. É saber que namorar são-paulino, palmeirense, santista ou qualquer torcedor de outro time, nunca dará certo. Porque Corinthiano está mais no Pacaembu do que em casa, está mais no Morumbi do que na escola, está mais no Canindé do que no bar, está mais na Vila do que na padaria. Corinthians não é para qualquer um, não é moda. Só nasce no coração dos humildes e daqueles que estão preparados para abrigar um amor de mãe. Amor maior que o peito, orgulho de ser e assumir aquilo que é sob qualquer circunstância. Muitos não estão preparados para isso. Basta apenas paciência, treino, humildade para reconhecer os erros e, talvez, nascer mais muitas e muitas vezes. Só quem é Corinthiano sabe do que estou falando. Quando eu morrer, ahh, quando eu morrer, não quero choro nem vela. Quero uma bandeira preta e branca. Um surdo e uma só música: salve o Corinthians, o campeão dos campeões, eternamente em nossos corações. Em vida? Em vida, eu te celebro a cada dia. Em qualquer canto do Brasil. Seja onde for, para sempre meu grande amor. Digo que não sou católica, nem evangélica. Sou Corinthiana. Não tenho vícios. Meu vício é o Corinthians. Tenho um amor eterno. E ele se chama Corinthians.

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